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sábado, 4 de abril de 2020

05/04/2020 - Domingo de Ramos e da Paixão




Hoje celebramos a Entrada Triunfal de nosso Senhor, o Messias prometido, o Filho do Deus Vivo, em Jerusalém, a “Cidade do Grande Rei” (Sl 48.2; Mt 5.35). 

Aproximava-se o momento da celebração da grande festa do povo de Israel, o “Pessach”( פֶּסַח - traduzido como “Páscoa”). A Páscoa, cuja origem etimológica vem de “passar por cima”, celebrava a libertação do cativeiro do Egito (conforme narrado no livro do Êxodo). No entanto, como o próprio nome expressa, possuía um significado espiritual mais profundo. O Anjo da Morte “passara sobre”, deixando incólumes, os lares protegidos pela marca do sangue do cordeiro sacrificado(Ex 12.1-30). A marca do “tav”, formada por um travessão vertical e outro horizontal. A libertação do mal, o sangue protetor e o perdão divino se fizeram presentes nessa ocasião.

O Pessach era uma das três festas nas quais todos os judeus eram obrigados a fazer uma visita a capital, Jerusalém. Num esquema organizado de revezamento, para evitar confusões e superlotação,  Jesus era acompanhado por multidões que faziam a peregrinação, especialmente provenientes da Galileia, região pobre e marginalizada pelos cosmopolitas da Judeia.

Nosso Senhor montou num jumentinho, cumprindo a profecia de Zacarias(Zc 9.9).  Outra alusão do Antigo Testamento é a bênção de Jacó sobre seu filho Judá, de quem Jesus foi descendente segundo a carne (Gn 49.10-11). O jumento representava paz e humildade, ao contrário do cavalo, animal ligado ao militarismo e ao poder. A requisição de um animal, no entanto, era uma prerrogativa de governantes. A exigência de um animal nunca antes montado, exigência de reis.

Impressionados pela cura do cego Bartimeu, que clamou ao “Filho de Davi” (Mc 10.46-52), entre tantos sinais operados, os peregrinos saudaram Jesus com “Hosanas!”, expressão de origem hebraica, usada em certos  ritos do Templo. A princípio, tinha um tom de apelo, “Salva-nos!”. Mas acabou por se tornar uma saudação -  algo como “Salve!”-  intimamente ligada ao Messias que havia de vir.

“Bendito é o que vem em nome do Senhor!”- citação extraída do Salmo 118, usado em contextos festivos e de ação de graças. Os habitantes de Jerusalém recebiam com esse brado os peregrinos que subiam, as “Tribos do Senhor”, para adorar no Templo (Sl 122.4). Do mesmo modo que a expressão “Hosana!”, com o passar dos séculos converteu-se numa saudação messiânica.

O povo de Jerusalém era soberbo pela “linhagem pura”, pela presença do Templo, pelos sacerdotes e doutores, pela grandeza da cidade. Porém, pisado pelos conquistadores romanos, que impuseram um rei fantoche, manipulavam o sumo-sacerdote, e esmagavam qualquer rebelião com vigor. Olharam com desconfiança o “Messias caipira” ovacionado pela gentalha marginal e pelas crianças da cidade (Mt 21.16). Ramos festivos foram espalhados, como nos rituais religiosos e desfiles militares. Júbilo, e clamores de vitória ressoavam. Um novo tipo de Reino emergia. Um Reino de paz, que em nada lembrava os golpes dos pilos, o zunir dos gládios, e os tiros das catapultas, com corpos espalhados, fogo e sangue. Um Reino de justiça, contrastando com a venda de sentenças pelos juízes, o nepotismo dos poderosos, a hipocrisia dos sacerdotes, e a violência brutal do populacho. Um Reino de Amor, em violento e irreconciliável contraste com a brutalidade assassina dos religiosos sedentos de sangue,  das  multidões ignorantes - massas de manobra-, dos políticos que preferiam lavar as mãos.

As trevas não podem conviver com a luz. Fariseus, saduceus e  herodianos se aproximam. Para se livrar desse Jesus (ao qual já haviam chamado de louco, bêbado, endemoniado, glutão, pecador, mentiroso, blasfemador) esqueceriam temporariamente suas diferenças. Os dias seguintes determinariam o curso da ação. Poderia esse atrevido avançar ainda mais na afronta aos “ungidos do Senhor” e “autoridades constituídas”?

Oremos com as palavras do “Book of Occasional Services”, da “The Reformed Epsicopal Church”:

“Ó Senhor Jesus, a quem as multidões em Jerusalém em sua primeira vinda saudaram como seu Rei, espalhando em seu caminho palmas e ramos de oliveira: Concedei que nós, firmes na obediência à tua vontade soberana, possamos novamente preparar o caminho para a tua vinda. Amém.”

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