Nos tempos da Antiga Aliança, a Páscoa (termo que significa passagem),
celebrava a libertação da servidão no Egito. Após o banquete desta festa- um
cordeiro-, o anjo destruidor passou pelos lares do Egito, destruindo todos os
primogênitos. Somente os lares que tinham na porta a marca de sangue do
cordeiro imolado permaneciam incólumes.
Neste admirável sacramento, o inimigo foi destruído e o povo de Deus, perdoado.
Eis que hoje tu, cristão, tal quais as portas das casas dos hebreus,
tens o sangue que te protege da ira dos inimigos. Não o sangue de um cordeiro
com quatro patas e lã, mas o sangue daquele a quem os sacrificios dos antigos
remetiam, o sangue de Jesus Cristo.
Foi revelado aos pais a necessidade de sacrifícios sangrentos, pois o
sangue representa a vida,
e toda vez que pecamos merecemos a morte, e nossa
única salvação seria a morte de alguém em nosso lugar. Nas sombras da Lei do
Antigo Concerto, os animais eram designados para esse fim. Mas tais sacrifícios
não podiam, de modo algum, realmente expiar nossos pecados, tendo como fim
temporário ser a sombra de um sacrifício maior.
A segunda pessoa da Santíssima, Consubstancial e Indivisivel Trindade, o
Filho, fez-se servo por amor de nós, habitando encarnado entre os homens,
participando em tudo das misérias deles, menos no pecado. Vivendo ele sem
pecado, sendo ao mesmo tempo Deus e homem, tinha as credenciais para oficializar
nossa redenção. Assim ele sofreu e morreu de forma cruel e atroz. Ele tornou-se
então o perfeito Cordeiro de Deus, antítipo dos sacrifícios do Antigo
Testamento, garantindo então a redenção de todos aqueles que crerem em seu
sacrifício.
Ele estava morto. A fria morte o tocara. Foi sepultado. Ele, de fato,
pagou o preço, e conseguiu nosso resgate. Mas como poderia nos garantir a
vitória, se estava morto? Passou-se a sexta-feria da Paixão. E ele estava
morto. Passou-se o sábado. E ele estava morto.
No domingo, então, uma maravilha suprema aconteceu. Eis aqui a nossa
Páscoa, que maior vitória nos garantiu do que a dos judeus! Visto ser Cristo
perfeito sacrifício, pelo poder da divindade levantou-se poderosamente dentre
os mortos, ressuscitado em corpo e alma, para eternamente reinar. Ao ressurgir,
qual um valente brandindo sua espada furiosamente, pôde assegurar e fazer valer
o que nos conseguiu na cruz. Ao ressurgir, garantiu que, um dia, nós que
crermos também ressuscitaremos, em espírito imortal e novo corpo incorruptível.
Ao ressurgir, saqueou o inferno e dividiu os despojos com seus campeões.
Após esmagar ao diabo na cruz, ele esmagou a mais forte das campeãs
deste, a morte, na ressurreição. A morte foi pisada e humilhada, seu reino,
saqueado, e , para nós cristãos, só a máscara lhe resta.
Alegrai-vos, cristãos, porque vosso Salvador vive, exercendo para sempre
o poder de sumo-sacerdote e nosso intercessor diante do justo Pai. Alegrai-vos,
pois na vitória d'Ele conseguistes todas as vitórias que vos são necessárias.
Alegrai-vos, pois recebereis, em lugar deste frágil corpo, sujeito a doenças e
intempéries, um corpo incorruptível e glorificado, Alegrai-vos, pois vossos
espíritos gozarão de eterna bem-aventurança na glória de Deus.
Alegrai-vos também, homens ímpios, pois esta é a chance que tendes de
escapar ao poder atroz da morte temporal e
da morte eterna.
Alegrai-vos, todos os seres, pois a restauração da criação está por
acontecer.
Hoje, celebramos ao Rei Vencedor. Á este conquistador invicto, seja o
louvor, a honra, o poder, a glória e a sabedoria. Com a força de seu braço,
este comandante valente submete a todos os poderes. Bem-aventurados aqueles que
o seguem. Eis a Páscoa cristã, a mais sublime das festas celebradas pelo homem.