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sábado, 4 de janeiro de 2014

A Espiritualidade da Epifania


A Espiritualidade da Epifania

por Edson C. Sardinha
Epifania — palavra grega, significa entrada poderosa, chegada solene de um rei ou imperador tomando posse de um território; ou da aparição de uma divindade ou de sua intervenção prodigiosa.
Para nós, cristãos, é a festa da manifestação de Jesus, que veio para todos os povos.
A Epifania é para o Natal, o que Pentecostes é para a Páscoa: seu desenvolvimento e proclamação ao mundo é o desfecho radiante do Natal!
A Epifania é uma festa mais antiga do que o Natal. Celebra-se a manifestação (epifania) de Jesus Cristo como Deus.
Três passagens epifânicas são lembradas neste domingo: A Vinda dos Magos do Oriente (não eram três, nem eram Reis), o Batismo do Senhor e as Bodas de Caná da Galileia.
No Natal Jesus se manifestou aos judeus, na Epifania ele se manifesta aos gentios.
Jesus vem ao mundo para se humilhar. O próprio nascimento, vida e morte do Senhor é uma contradição para a mente humana. Refletindo no paradoxo de Jesus, Santo Agostinho diz: “Vejam! O Criador do ser humano se fez homem para que, Aquele que governa do mundo sideral, se alimentasse de leite; para que o Pão tivesse fome; para a Fonte tivesse sede, a Luz adormecesse, o Caminho se fatigasse na viagem, a Verdade fosse acusada por falsos testemunhos, o Juiz dos vivos e dos mortos fosse julgado por um juiz mortal, a Justiça fosse condenada pelos injustos, a Disciplina fosse açoitada com chicotes, o Cacho de uvas fosse coroado de espinhos, o Alicerce fosse pendurado no madeiro; para que a Virtude se enfraquecesse, a Saúde fosse ferida e morresse a própria Vida” (Sermão 191,1).
Agostinha via o presépio como mistério do Deus que deseja ocupar os nossos corações como Templo: «Jesus jaz no presépio, mas leva as rédeas do governo do mundo; toma o peito, e alimenta aos anjos; está envolto em panos, e veste a nós de imortalidade; está mamando, e o adoram; não encontrando lugar na pousada, fabrica seus templos nos corações dos crentes. Para que se fortalecesse a debilidade, se debilitasse a fortaleza... Assim, acendemos nossa caridade para que alcancemos a sua eternidade». (Sermão 190,4).
O Natal e a Páscoa não são epifanias para o mundo. O mundo não consegue amar e seguir um Deus encarnado e crucificado. Mas para nós a vida de Cristo é total epifania do seu poder. Santo Agostinho diz: «A humildade é ela mesma que se lança ao rosto dos pagãos. Por isso nos insultam e dizem: Que Deus é esse que adorais? Um Deus que nasceu? Que Deus adorais? Um Deus que foi crucificado? A humildade de Cristo desagrada aos soberbos; mas se a ti, cristão, agrada, imita-a; se a imitas, não trabalharás, porque Ele disse: Vinde a mim todos vós que estais sobrecarregados». (Narrações. 93,15).
A Epifania manifesta este mistério de Deus aos magos e ao mundo pagão. Agostinho diz: «Jazia no presépio, e atraia aos Magos do Oriente; se ocultava em um estábulo, e era dado a conhecer no céu, para que por meio dele fosse manifestado no estábulo, e assim este dia se chamasse Epifania, que quer dizer manifestação; com o que recomenda sua grandeza e sua humildade, para que quem era indicado com claros sinais no céu aberto, fosse buscado e encontrado na “angustura” do estábulo, e o impotente de membros infantis, envolto em panos infantis, fosse adorado pelos Magos, temido pelos maus» (Sermão 220,1).
A Epifania retoma o Natal de Jesus celebrando a sua humanidade manifestada a todos os povos. Traz consigo a mística de que a salvação destina-se a todos: “Levanta-te e brilha, Jerusalém, olha o horizonte e vê. Sobre todas as nações brilha a glória do Senhor” (Is 60,1).

Manifestemos hoje o Redentor de todos os povos e façamos deste dia a festa de todas as nações. Epifania é a festa da chegada da Salvação de Deus para todos os povos. A mensagem da Epifania é: Quem crer e for batizado será Salvo, não importando sua nacionalidade, raça ou cultura. É o deus missionário transcultural vindo ao nosso encontro.