O Colóquio de Marburgo (1529) |
“Acusa o teu adversário de ser o que tu és”. Tal frase é muito apropriada para os nossos dias. Por condescendência às pessoas de raciocínio lento, ainda insisto em despejar evidências claras da incoerência de certos discursos. Refiro-me aos discursos dos luteranos (pseudo) confessionais.
Eles escondem a sua idolatria política, os seus preconceitos pessoais, os seus valores culturais e interesses particulares por trás de um discurso de “pureza confessional”. Mostrar a incoerência deste discurso é uma tarefa fácil. Infelizmente, ainda precisamos fazê-lo. Pois, embora utilizem técnicas bem rudimentares de distorção (tanto das Escrituras quanto dos documentos confessionais), eles são capazes de iludir duas categorias de pessoas:
1. Pessoas com baixo desempenho intelectual.
2. Pessoas cuja inteligência está bloqueada/cerceada por algum mecanismo psicológico ou por preconceitos (não aceitam mudar de opinião).
Não há como acreditar na “pureza confessional” de quem comunga com líderes heterodoxos para “defender a sã doutrina”. Afirmo isso com a mesma propriedade de quem nega a existência de “tripés com quatro pés”. A Verdade existe, e nos foi revelada por Deus (Dt 6.4; Jo 8.12-59; Jo 14.6; Jo 17.17-26). Portanto, não há como certas coisas serem simultaneamente verdadeiras (1Re18.21; Mt 6.24ª).
Tendo elencado os pontos acima, desejo manifestar a minha repulsa diante da aviltante perturbação promovida por alguns “luteranos fundamentalistas”. De forma arrogante, acusam líderes e teólogos honrados e competentes de promover heresias e “violações doutrinárias”. Ao fazer tais acusações, apontam para participação destes líderes no movimento ecumênico, no diálogo inter-religioso e na luta pela justiça social. Em sua soberba, são semelhantes aos “zelosos rebeldes” citados no capítulo 16 do livro de Números.
Hipócritas! Ocultam suas heresias e relativismo sob uma capa piedosa.
São capazes de estender a comunhão fraterna a todos os descendentes dos
grupos considerados heréticos por nosso reverendo doutor Lutero (bendita
seja a sua memória!). Em nome da “sã doutrina”, eles se unem aos
modernos zwinglianos, anabatistas, entusiastas e papistas. De bom grado
receberiam chapéus cardinalícios, abraçariam as heresias de Müntzer e
assinariam um acordo eucarístico em Marburgo. Quais os únicos critérios
com os quais eles se importam? Concordância em posicionamentos estritos
sobre temas como política, cultura, sexualidade e gênero.
Ouçam o convite da Sabedoria (Pv 9.1-6)! Alguns podem perguntar: “Mas como posso reconhecê-la? Há muitas vozes dissonantes, tenho medo de ser enganado!”. A Bíblia responde: ela é reconhecida pelos ‘filhos’ (resultados/ frutos) que produz (Lc 7.1-35).
NOTA: Você não entendeu determinadas referências históricas e doutrinárias? Vá ler um pouco. Sei muito bem que algumas pessoas se queixam quando há “muita coisa escrita” para ser estudada. Mas não há como querer ensinar os outros sem possuir bases. O Catecismo Maior trata com termos severos os “mestres” preguiçosos. Leia a Bíblia, de capa a capa, ao menos uma vez (e mantenha uma rotina de leitura bíblica!). Leia o Livro de Concórdia, obras de Lutero, obras diversas de dogmática luterana e história eclesiástica. Mantenha-se atualizado sobre discussões no âmbito da teologia acadêmica, consulte obras de referência (dicionários, concordâncias bíblicas, léxicos de hebraico e grego bíblicos). Ouça sermões e palestras de pastores e teólogos mais sábios e experientes do que você. Busque conhecer o básico sobre Ciência, História, Literatura e atualidades. Depois de tais estudos, em meio a muita oração, provação e lágrimas, participando ativamente da vida comunitária eclesiástica e ouvindo opiniões diversas, você poderá entrar em discussões ‘profundas’. Mesmo assim, não se glorie. Estarás no nível de aspirante/ aprendiz, e deverás ouvir com respeito e reverência pessoas infinitamente mais capacitadas.