Creio em uma só volta de Cristo (Fp 4.5; Mt 25.31-46; 1Ts 5.1-4), já que nas
Escrituras não temos menção de uma "terceira vinda" ou "segundo
retorno". Em sua segunda e definitiva vinda, o Senhor arrebatará a Igreja
(1Ts 4.17), preservando-a do massacre preparado. Não se trata de um
"arrebatamento secreto", doutrina criada no século XIX por um
reverendo anglicano dissidente, chamado John N. Darby. Todos verão Jesus
arrebatar a sua Igreja e após disso virá a destruição. Ele destruirá a presente
ordem (2Pe 3.11-12; Ap 14.8 Ap 20.9), como é mostrado, em paralelismo
progressivo, por diversas vezes no livro de Apocalipse (a ordem do livro não
deve ser vista como estritamente cronológica. O que vemos, de fato, é uma sétupla
repetição da história da salvação, possuindo cada repetição detalhes
particulares e terminologia própria). Ele ressuscitará todos os mortos, tanto
os que serão salvos, quanto os que serão condenados (Dn 12.2) A menção a uma
primeira ressurreição no livro de Apocalipse (Ap 20.4-6) não indica que haverão
duas ressurreições (estritamente falando), uma para crentes e outra para
ímpios. Se analisado o contexto, a primeira ressurreição se refere a
glorificação dos mártires, e não a uma suposta ressurreição literal e parcial
da humanidade, incluindo todos os salvos, na época do chamado
"arrebatamento secreto". Tal versículo é um tiro no pé dos
dispensacionalistas, pois tomado ao pé da letra, indicaria que somente os
mártires, e não todos os justos, serão ressuscitados na primeira ressurreição.
Além disso, em nenhum outro local há menção a mais de uma ressurreição. Como os
credos tradicionais da cristandade sempre afirmaram, cremos que Cristo
"virá com glória julgar os vivos e os mortos". Será então realizado o
Juízo Final, no qual os que em vida foram cristãos fiéis receberão a glória e a
alegria eterna, enquanto os condenados sofrerão eternamente no inferno.
Interpreto o Milênio (Ap 20.1-2) como sendo uma alegoria para a
dispensação da graça (Mt 12.29; Cl 2.13-15; Ap 12.10), e não literal. A
promessa de Apocalipse sobre a prisão de Satanás não é de que ele não poderia
fazer mais nada, mas não poderia fazer mais apenas DUAS coisas, que são o cerne
de seu poder: enganar as nações e acusar os cristãos. Essa passagem é cumprida
em nossos dias, desde os tempos do início da Igreja, pois o diabo não tem mais
o poder de impedir a pregação do Evangelho (e assim continuar enganando as
nações à força), que se espalha rapidamente pela terra, diferente do que
ocorria na antiga dispensação, onde apenas o pequeno Israel étnico conhecia a
Verdade; o diabo também não pode mais acusar os cristãos, pois Cristo derramou
todo o seu sangue e ressuscitou por eles (Rm 8.33; Rm 4.25), portanto, não
aceita nenhuma acusação contra os seus eleitos, que estão eternamente guardados
pelo selo do Espírito Santo (2Co 1.22). Assim sendo, a Igreja já vive o
milênio, tendo a garantia da graça de Deus, os sacramentos de vida, a Palavra
do Senhor, a garantia da vitória e a força do Espírito Santo (Mt 18.20; Lc
10.19). O livro de Apocalipse também dá a entender que o milênio, que garante a
força da Igreja, seria mau para os ímpios. Pois, se outrora nos ares o diabo
tanto mal fazia aos que não eram servos de Deus, quanto mais o fará agora, que
foi lançado na terra (Ap 12.12), contra aqueles que não se refugiam no sangue
de Cristo!
As promessas de paz, prosperidade, justiça, glória, vigor, etc. sobre a
terra, que aparentemente não se cumprem, possuem duas explicações: A) Elas se
cumprem, sim, só que de forma espiritual, e não literal. A própria Bíblia
registra que promessas aparentemente terrenas feitas ao Israel étnico se
cumpririam espiritualmente na Igreja, que é o verdadeiro Israel de Deus. Assim
sendo, enquanto os judeus esperavam que a tenda caída de Davi (Am 9.11-12)
fosse restaurada com a vitória militar de Israel contra os romanos, o apóstolo
divinamente inspirado diz que tal profecia se cumpriu quando o Evangelho foi
pregado aos gentios (At 15.16). B) Outra explicação que podemos dar é a do
cumprimento literal de parte dessas profecias, mas não no Milênio (que, como já
mostramos, é simbólico), e sim no novo céu e na nova terra (Ap 21.1). Ou você
pensa que lá ficaremos só cantando e tocando harpinhas de ouro, na companhia de
anjinhos arianos?
Israel perdeu o posto de povo de Deus (Dt 28; Mt 8.12;Mc 12.1-9; Rm
11.7-10), que foi transferido à Igreja (Is 54.1; Gl 6.16;Gl 4.21-31; 1Pe 2.9).
A lei mosaica prometia sobre o Israel étnico as piores condenações e
castigos, quando se recusassem a obedecer aos mandamentos de Deus (Dt 28).
Todas as vezes que Israel se curvava aos ídolos, era punido por Deus. Foram
condenados a 70 anos de cativeiro na Babilônia por causa de seus pecados (Dn
9.2; Lm 1.8). Por rejeitarem a Cristo, foram condenados a um exílio de quase
dois mil anos (Mt 23.38). A Providência permitiu que, no século passado, os
judeus se reorganizassem na Palestina, terra que lhes havia sido prometida
quando fossem obedientes (Js 23.16). Logo, percebemos que a teoria do sionismo
cristão é biblicamente falha, pois a maioria dos judeus étnicos habitantes do
atual Estado de Israel rejeitam terminantemente àquele que é o cumprimento da
lei (Rm 10.4.), o profeta que, sob maldição, não poderiam rejeitar (Dt
18.18-19).Ainda que a antiga lei estivesse em vigência, o Estado de Israel
estaria em pecado, pois permite práticas como o homossexualismo (Lv 18.22-24),
a blasfêmia (Lv 24.16) e o serviço militar feminino, além de não seguirem as
prescrições sacrificiais da lei.
Utilizando-se a lógica, vemos que a união conjugal perfeita estabelecida
por Deus é monogâmica (Gn 2.18). A poligamia só foi permitida no AT por causa
do pecado e rebeldia do povo.. Assim sendo, como Cristo é mostrado como esposo
perfeito, só pode ter uma esposa (Ef 5.25-32): Cristo não pode ter dois povos
(o Israel étnico e a Igreja) ao mesmo tempo. Por isso, o povo de Deus, a
reunião de todos os predestinados a vida eterna, outrora ligado ao Israel
étnico, agora é representado pela Igreja cristã, que contém judeus e gentios
(Ef 2.14). Os judeus não têm benefícios especiais (Rm 3.9), a sua esperança de
um reino terreno é totalmente vã. Sua
única esperança é a conversão a Cristo (At 2.37-38) a fim de participarem da
Igreja Cristã, que acolhe todos os homens. Se os judeus se converterão em massa
perto do fim dos tempos, é um assunto sobre o qual não tenho sabedoria para afirmar,
mas seria, sem dúvidas, algo bonito e glorioso.
A doutrina do inferno(Ap 20.15; Mt 25.41-46; Mt 18.9), entendida como o sofrimento eterno e
incessante dos ímpios é uma doutrina importante, e apenas ela nos mostra a
severidade do pecado e o rigor imparcial da justiça divina. Conforme afirmou
Justino Mártir, a ausência de um castigo post-mortem seria uma grande benção
para aqueles que em vida viveram de forma ímpia e malvada no pecado. Ora, todo
verdadeiro cristão deveria sentir-se totalmente indigno dos bem celestes (Lc
18.13), e merecedor de toda a sorte de punição temporal e eterna. Nenhum
pecador vai para lá por maldade divina, falta de ouvir o Evangelho, ou porque
cometeu o mal contra o próximo num momento extremo: o pecador vai para o
inferno porque merece! Qual a diferença entre justos e ímpios? Os justos sabem
que são dignos da condenação eterna, e por perceber o quanto o pecado é mal (a
ponto de merecer o castigo eterno), percebem o quanto esse pecado deve machucar
o coração de Deus, que apesar de nos amar, não pode violar a própria justiça e
salvar a todos. Cheio de fé, inspirada pelo Espírito Santo, esse justo tentará
viver uma vida de pureza angélica, não por medo do merecido castigo, mas por
amor daquele que o perdoou. Os ímpios, muitas vezes, se acham uns coitados,
dizem sofrer por maldade do destino, inventam mil deturpações das doutrinas
sagradas e, se chegam a se aproximar de Deus, é com um temor supersticioso. O
ímpio nunca faz o bem por amor à Deus, para a glória de Deus e em obediência ao
mandamento de Deus. Nunca quererá se converter, se deixado a si próprio, e
assim justamente caminha para o inferno. Chegando lá, passará a eternidade
lamentando o próprio sofrer e talvez, blasfemando contra Deus. Nosso débito
infinito contraído contra Deus, iniciado pelo pecado original de nossos
ancestrais e avultado diariamente pelos pecados que cometemos por pensamentos,
palavras, atos e omissões, requerem um castigo eterno.
Os leitores devem imaginar, nesse momento, que eu considero o
aniquilacionismo uma heresia mortal. Mas não é isso que quis dizer. Considero a
doutrina do castigo eterno como algo importante e que deve ser pregado nos
púlpitos, mas não vejo o aniquilacionismo com gravidade suficiente para apagar
a marca do sangue de Cristo sobre cristãos fiéis que, infelizmente, adotaram
tal doutrina. Grandes teólogos, como John Stott, seguiam uma espécie de
aniquilacionismo, e creio profundamente que irei vê-los no céu.
Estendo-me um pouco nesse assunto porque, na Internet brasileira, é cada
vez mais comum ver jovens evangélicos abraçarem a doutrina aniquilacionista.
Não os considero apóstatas por isso. Mas a arrogância de muitos deles é algo
que deve ser denunciado e combatido. Vejamos:
Não irei usar o método tomista de responder questões. Nem sequer usarei
argumento algum para defender a crença imortalista que professo. Muita gente
tem feito isso por aí, e em qualquer canto da Internet você poderá encontrar
discussões e argumentos de ambos os lados, da parte de cristãos sinceros, mas
outras vezes de picaretas. Como considero, então, o aniquilacionismo: como um
erro doutrinário. Em que assunto? Um erro no tocante a vida após a morte.
Agora, chegarei onde quero. Como considero a doutrina do purgatório? Como um
erro doutrinário. Em que assunto? no tocante a vida após a morte. Logo, os
irmãos que adotaram a posição aniquilacionista, não têm direito de ofender
muitos irmãos que adotam a teoria do purgatório. Ambos são ortodoxos na
doutrina geral, defendem um erro específico que vai contra os princípios
protestantes, e podem ambos ser cristãos verdadeiros. Notem, meus caros, que
aqui se refiro a uma discussão interna entre cristãos fiéis aos credos antigos
e que professam também os cinco solas da reforma protestante. Irmãos católicos
romanos e adventistas do sétimo dia não
devem se sentir como analisados nesse artigo, pois, como eu já disse, trata-se
de algo interno, devido ao infeliz fato da maioria dos protestantes só
considerarem como salvos outros protestantes. Peço as orações de todos os
leitores para que protestantes, ortodoxos e católicos verdadeiros se vejam como
irmãos, orem uns pelos outros, e tratem suas diferenças com gentileza e amor.
RESUMINDO: NOSSA RELAÇÃO COM ISRAEL
·
Devemos amar os judeus, orar por eles e os tratar bem.
·
Devemos abominar toda forma de ódio contra o povo judeu, como o
neonazismo.
·
Devemos ser-lhes gratos pelo Antigo Testamento, pelo monoteísmo e outras
importantes contribuições espirituais.
·
Devemos ser gratos por sua tolerância para com os cristãos e a amizade
que o Estado de Israel tem para com as democracias ocidentais.
·
Podemos desenvolver uma série de argumentos a respeito de como a
Palestina deve ser dividida, quem deve administrar Jerusalém e questões a fim,
mas sem utilizar argumentos teológicos para isso, visto que o Israel atual não
é mais o mesmo dos tempos bíblicos.
·
Os judeus (do ponto de vista religioso) estão tão perdidos quanto
qualquer ateu ou idólatra, por terem tropeçado na Rocha, que é Cristo. Devemos
levar a eles o conhecimento do Evangelho, a doutrina do verdadeiro Messias.
·
Como povo eleito, o Israel visível foi substituído pela Igreja cristã.
Embora sempre tenha havido apenas um povo santo, os predestinados desde a
eternidade, tal povo era representado pelas fronteiras de Israel, mas agora é
chamado de Igreja Cristã.
RESUMINDO: O FIM DOS TEMPOS
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Esqueçam-se de uma última chance na "Grande Tribulação". A
segunda vinda de Jesus consumará tudo
·
O livro do Apocalipse é cheio de simbolismo, estilos literários,
paralelismos,etc. Não é sábio tentar analisá-lo como um simples livro
histórico, ou como uma sequência cronológica a ser rigidamente seguida.
·
Dizer que na chamada "Grande Tribulação" alguns serão salvos
pelo próprio sangue, além de herético é uma blasfêmia contra o sacrifício de
Jesus Cristo.
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A teoria dispensacionalista, seguida hoje pela maioria dos pentecostais,
além de muitos evangelicais e batistas, era desconhecida dos Pais da Igreja,
dos líderes monásticos medievais, dos reformadores, dos puritanos e de todos os
grandes cristãos, até meados do séc. XIX, quando foi criada por Darby.
·
Enquanto alguns ficam alarmados com supostas invenções de chips e
códigos de barras aplicáveis a partes do corpo, seria mais sensato utilizar uma
análise simbólica da marca da besta, como o texto o requer: marca na mão,
significa aquilo que faço; marca na testa, aquilo que penso.