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terça-feira, 9 de junho de 2020

Carregando a Cruz: O sofrimento na vida Cristã





“E dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me
(Lucas 9:23).”

A Vida cristã pressupõe a cruz, as lutas e as provações. A Bíblia deixa claro que os cristãos passarão por uma série de dificuldades (Fp 1.29; 2Co 4.8-10; Jo 16.33), algumas delas justamente pelo fato de sermos cristãos (Jo 15.18-19, 1Co 4.13). Nesse momento em que escrevo, milhares de servos de Deus padecem em prisões, tribunais e isolamento por se recusar a adorar o Príncipe deste mundo (que se manifesta de várias formas, através de falsas religiões, ditaduras socialistas ou fascistas, neoateus alucinados, falsos cristãos, etc.). Por acaso aquilo que senhores  como Edir Macedo, Silas Malafaia e Agenor Duque apregoam dizem alguma coisa a esses santos? Onde estão as ilhas no Caribe? Há apenas o campo de concentração. Onde estão os automóveis importados? Há apenas pés calejados e ensanguentados. Onde estão as pulseiras de diamante? Há apenas os grilhões e algemas. Onde está o “triunfo” mundano sobre os inimigos? De certo os cristãos perseguidos são triunfantes, mas através da humilhação, da resignação e dos sofrimentos. Peço que leiam o artigo com atenção até o fim. A ressalva final, alertando contra o conformismo e a conivência (que não são baseados na fé, mas no pecado), é de importância suprema no contexto atual.

Mesmo os cristãos que não são perseguidos especificamente por amor ao Evangelho sofrerão dificuldades nesta vida (Mt 6.34). Primeiramente, devido a maldição do pecado original, o sofrimento é constante na vida do homem. O cristão tem o Espírito Santo como Consolador (Jo 14.16-17), e a esperança da vida eterna (Rm 4.8, Tt 2.13, Ap 22; Cl 1.5) mas está sujeito a enfermidades, catástrofes naturais e maldade humana assim como os demais homens (recomendo a leitura do artigo “É absurdo, mas não é mudo”, que pode ser encontrado neste mesmo blog.) Melhor dizendo, mais do que estes. Devido a militarem ao lado da Verdade, sofrem do sistema mundano que se levanta contra o Criador. Cabe aos cristãos viverem para a glória de Deus, aceitando as dificuldades naturais da vida, sem se deixar dominar pelo mal.

No livro “O Senhor dos Anéis”, a personagem Gandalf diz que um rei não haveria de ser desobedecido em seu palácio, quer suas ordens fossem sábias, quer fossem tolas. Excelente lição para nós! Como não devemos nós, na morada de Deus, que é o nosso corpo, aceitar tudo o que Ele mandar, sabendo que tudo o que Ele faz e diz é sábio, embora muitas vezes nos pareça loucura ou tolice?
O apóstolo Paulo nos relata que implorou a Deus para que retirasse dele um “espinho na carne” (2Co 12.7_. Não sabemos do que exatamente se tratava, se uma enfermidade, tentação, fraqueza ou outra espécie de sofrimento. No entanto, a resposta de Deus é clara: “Minha graça te basta!”. Ora, éramos pecadores indignos e vis, justamente condenados à morte e ao inferno, mas Deus, em sua infinita misericórdia, nos resgatou para Si. O que mais poderíamos almejar? Não temos as ricas promessas da vida eterna? Mesmo que Deus permita dificuldades, dores e enfermidades em nossas vidas, devemos permanecer firmes.

Como Jesus venceu o mundo?

Por vezes, ao nos confrontarmos com alguns adeptos da teologia da prosperidade, utilizamos um versículo clássico: Jesus disse que no mundo teríamos aflições. Alguns deles retrucam: mas Jesus promete que venceremos o mundo, assim como Ele venceu. Sim, de fato. Mas COMO Jesus venceu o mundo?2  Exigindo ao Pai que não lhe desse do cálice amargo? Fulminando o Sinédrio e os soldados romanos?  Invocando doze legiões de anjos para lutarem ao seu lado? Descendo da cruz e curando as chagas em sua face, mãos e pés? Não. Jesus venceu o mundo com amor sacrificial, resignação filial, humilhação, dor, desprezo e tristeza. Os santos passarão por momentos difíceis, como Paulo, que esteve a ponto de se desesperar em relação a própria vida (2Co 1.8).

Tentações

Certa vez li num folheto de uma igreja pentecostal conhecida por seu legalismo, que após a conversão, não sentimos mais vontade de pecar. Ora, é certo que não sentimos mais alegria em pecar, e o evitamos a todo custo. No entanto, se não nos sentimos realmente tentados, qual é a glória de resistir a tentação? Sabemos que o diabo, o mundo e a carne conspiram contra nossa santificação, e quanto mais severamente somos tentados e resistimos, maior glória rendemos ao nosso Deus. Não pense que é pelo fato de você ser cristão que, automaticamente, não se sentirá, MUITAS VEZES, atraído pelo pecado. Cabe a você invocar a graça de Deus, com temor e tremor, sabendo que apenas Ele, e não a sua frágil vontade, pode lhe conceder a vitória e maior santificação (Fp 2.12-16).

Conforme escreveu Francisco de Sales, por mais que progredirmos na santidade, a luta contra as imperfeições não terminará nesta vida1. Lutero chamou nosso a si mesmo de saco cheio de carne doente, e afirmava claramente que o pecado original sempre manifestará sua força, mesmo nos cristãos3.

O cristão pode ficar triste?
Sem dúvidas. Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo, muitos servos de Deus passaram por tristeza e angústias diante das dificuldades da vida, dúvidas, enfermidades ou mesmo por razões espirituais. Elias (1Re 19.4), Jeremias (Livro das Lamentações), Davi (Sl 13.1-2; 1Sm 30.6), Maria(Lc 2.35) e o próprio Filho de Deus (Lc 22.39-45; Mc 14.34) encarnado se entristeceram. A tristeza pode produzir bons frutos, como atesta o sábio Salomão (Ec 7.3). Só não devemos nos deixar afundarmos na tristeza e no desespero, pois temos ricas promessas de consolo e auxílio.

Na História da Igreja, a angústia de grandes servos de Deus se mostrou proveitosa. O que influenciou Lutero em sua busca pela graça de Deus? A angústia espiritual pela qual passou em muitos momentos de sua vida. João da Cruz, frade carmelita e escritor espiritual espanhol do século XVI, nos fala da “noite escura da alma”. William Cowper, John Bunyan, Charles Spurgeon, Martin Luther King Jr, Madre Teresa de Calcutá, Paulo da Cruz,  entre outros santos, passaram por momentos tenebrosos, sendo que alguns deles, com os diagnósticos médicos modernos, poderiam ser classificados como portadores de transtorno depressivo (questão que trataremos com mais cuidado em outra parte do texto).

O cristão pode ter enfermidades?
Sabemos que as enfermidades contrariam o propósito amoroso de Deus para a humanidade feita à sua imagem e semelhança. Na Antiga Aliança, havia a promessa de saúde abundante caso Israel como um todo obedecesse aos mandamentos de Deus. No entanto, mesmo israelitas fiéis, como o profeta Eliseu (2Re 13.14), passaram por enfermidades, o que nos mostra que tal promessa era temporária e indicava algo mais profundo e importante: a cura do espírito.

          No Novo Testamento, Jesus curou muitos enfermos, e indicou a cura divina como um sinal do reino de Deus (Lc 13.32). Os apóstolos receberam também o poder de efetuar tais sinais (Lc 10.1-9), e o dom da cura foi estendido à Igreja (1Co 12.9). Ao longo de sua História, o ministério de muitos pregadores teria sido seguido de  sinais miraculosos4, embora a cura divina não seja uma regra, e sim uma possibilidade. Podemos e devemos orar para que Deus cure os enfermos, mas nem sempre é de sua vontade soberana que isso aconteça. E quando o faz, geralmente usa os meios naturais ou humanos para realizá-lo. Deus nunca opera espetáculos pirotécnicos para satisfazer a curiosidade humana, não precisa provar nada a ninguém e não faz as coisas de acordo com os nossos caprichos. No parágrafo a seguir, rebateremos as explicações errôneas que os pregadores da teologia da prosperidade fazem da famosa passagem do “servo sofredor”.

Isaias 53 e o “direito da cura”

Alguns interpretam erroneamente Isaias 53 (um dos chamados “Cânticos do Servo de Yahweh”, classificado pelos recentes teólogos acadêmicos como pertencente ao chamado “Deutero-Isaías”)5 ao dizer que cristãos não devem/podem ficar doentes. No entanto, apesar de tal passagem também se referir à cura física, ela visa principalmente à cura espiritual de nossa natureza humana ferida pelo pecado (Is 1.5; 1Pe 2.24). Basta conferir essa ênfase nos versículos 11 (“justificará”...”iniquidades”) e 12 (“pelos transgressores intercedeu”). E também devemos nos lembrar que, assim como uma série de passagens do Antigo Testamento, esta se cumpre no ministério de Jesus e na vida da Igreja por vislumbre, e não de forma total. Um exemplo de vislumbre espiritual é a ressurreição de Cristo (1Co 15.20-23). Através de sua ressurreição, temos total certeza da nossa, mas ninguém é tolo o suficiente para afirmar que esta última já ocorreu. O AT já anunciava a ressurreição, de forma que parecesse acontecer de uma só vez (Dn 12.2-3), mas o NT esclarece que ela se daria em duas fases: primeiro Cristo, as primícias, e depois os outros mortos. Outros exemplos de vislumbres semelhantes dizem respeito ao estabelecimento do Reino de Deus e aos sinais do fim dos tempos (comparar Jl 2.28-31 com At 2.14-21). que, embora estejam presentes em parte já na nossa época, não se cumpriram e nem se cumprirão plenamente senão no fim. Assim, quando alguém recebe uma cura física mediante a humilde súplica em nome de Jesus, tal passagem (Is 53) se cumpre, de forma imperfeita. Ela só se cumprirá totalmente quando nosso corpo mortal (portanto, sujeito a degradações) se revestir da imortalidade (2Co 5.4), ou seja, em sua glorificação (Fp 3.20-21), na ressurreição dos mortos. O Novo Testamento registra vários casos de cristãos enfermos, e em nenhum momento mostra que tais enfermidades se dariam por pecados pessoais ou falta de fé por parte desses irmãos. Assim, Paulo recomenda a medicina a Timóteo (1Tm 5.23), ao invés de decretar sua cura. O grande doutor dos gentios, em outra ocasião, teve de deixar um amigo doente (2Tm 4.20). O fiel obreiro Epafrodito (Fp 2.26-27) passou por uma enfermidade (embora, após isso, tenha sido miraculosamente curado).

                O testemunho da História da Igreja também registra que grandes santos passaram por severas enfermidades, e em momento algum defenderam a estranha tese neopentecostal de que as promessas a respeito da cura física em Isaias 53 já estejam plenamente cumpridas em nossos dias. Agostinho, considerado o maior teólogo da Antiguidade cristã, morreu de peste. Francisco de Assis, uma das maiores almas que viveu no mundo, faleceu em meio a severas enfermidades. Lutero chama a enfermidade de “glória da Igreja”6. João Calvino, grande pastor e teólogo da  Reforma protestante, sofria de gota, enxaqueca e tuberculose. Charles Spurgeon, chamado de "o príncipe dos pregadores", sofria de reumatismo, gota e depressão. Daniel Berg, missionário sueco e pioneiro pentecostal no Brasil, morreu entre severa enfermidade7. Quem são esses pregadores atuais, de capacidade moral e intelectual duvidosas8, para apregoar que todo o povo de Deus esteve enganado por dezenove séculos, e só em meados do século XX uma suposta verdade inquestionável da Bíblia (que crentes não devem/podem ficar doentes), ressurgiu por meio deles, que a si próprios se fazem, dessa maneira, mais iluminados e abençoados do que os demais?

Outro argumento contra essa interpretação rasteira e descontextualizada de Isaias 53 é que, se de fato os problemas físicos houvessem sido totalmente anulados na cruz, os cristãos não mais morreriam, nem mesmo de velhice, pois sabemos que processos semelhantes aos que desencadeiam o envelhecimento e a morte são os que desencadeiam as enfermidades. E não seria estranho que o pecado, a morte física, e os sofrimentos continuassem existindo na vida dos cristãos, e apenas as enfermidades fossem anuladas?

Ainda, para mostrar como deve ser feita a correta interpretação de Isaias 53, caso queiramos tomá-la ao pé da letra, cairemos em uma contradição. Porque o evangelista cita a profecia no início do ministério do Senhor, se o próprio texto pede que o “levar as enfermidades” se daria na cruz? Isso só reforça o argumento do vislumbre, ao contrário daqueles que querem um cumprimento total e literal aqui e agora.

E a depressão clínica, tão comum em nossos dias, o que dizer?
A depressão (assim como os demais problemas psicológicos e psiquiátricos)9 é uma patologia proveniente do funcionamento incorreto em certos sistemas e órgãos do corpo humano (especialmente relacionados ao sistema nervoso). Portanto, não possuem causa fundamental definida além da própria condição. Ao contrário de uma tristeza, tensão ou angústia numa pessoa saudável, que possuem motivos e situações explícitos e delimitados (mesmo que, por vezes, imaginários), a tristeza associada à depressão ou ao transtorno bipolar possui raízes patológicas. O mesmo pode se dizer dos sintomas associados à Síndrome do Pânico, diferentes do medo natural, comum e salutar que existe na espécie humana Devido a problemas nos neurotransmissores e outros elementos, podem se manifestar sintomas que, por vezes, temos dificuldades de diferenciar em relação a problemas na alma (ou espírito), a parte imaterial do homem. Qual de nós, que mexe com computadores, nunca experimentou dificuldades com softwares contidos em hardwares com problemas? Se um CD (elemento físico) está riscado, ou danificado, o programa/jogo (parte lógica) não funcionará de maneira correta. A psiquiatria, a psicologia e a neurociência podem explicar muitas dificuldades pelas quais passamos atualmente, através de análises do cérebro, sistema nervos, através de testes,etc. Independente da causa, seja um “espírito abatido”, ou um mal funcionamento no cérebro, os crentes também estão sujeitos a passar por tristeza, medo, angústias,etc, Cada caso deve ser analisado: Falta aconselhamento espiritual e correta crença cristã na graça divina? Ou é necessária a ajuda da psicologia e psiquiatria? Há fatores de ordem patológica diversa? A pessoa sente falta do carinho e companhia da família e amigos? Em alguns casos, tudo isso deve ser combinado no tratamento.

Riqueza e pobreza

Apesar do dinheiro em si não ser condenado nas Escrituras, o amor a ele é um grande pecado (1Tm 6). Devido a esse risco, a Bíblia nos exorta a não perseguirmos o lucro, a ponto de viver uma vida com coisas supérfluas (cf. O capítulo citado e Mt 19.24). Por isso, devemos viver uma vida sóbria, sem excessos e luxos, coisas que são adequadas àqueles que têm a esperança exclusiva nas coisas da vida presente (1Co 15.19; 1Jo 2.17)

Analisando alguns versículos

Aqueles que defendem o direito do cristão à propriedades materiais ignoram muitos textos bíblicos (como os já citados), e distorcem outros tantos. Seria demorado elencá-los todos aqui, mas examinarei alguns:


Mateus 21.22: Não se trata de qualquer oração ou “determinação”, mas está vinculado a uma série de condições: 1) Não deve ser para deleite próprio (Tg 4.13). 2) Deve estar de acordo com a vontade de Deus (Mt 6.10). Certo pregador da teologia da prosperidade afirmou que devemos determinar e exigir, e que dizer a Deus “seja feita Tua vontade”, destrói a oração. Nunca ouvi maior tolice. 3) Refere-se quase sempre a bençãos espirituais, especialmente ao Espírito Santo (cm Mt 7.11 com Lc 11.13).


Marcos 10.30: O que receberemos nesta vida ao deixarmos tudo pelo Reino de Deus? Muitos irmãos e irmãs (os demais cristãos e o próprio Cristo), muitas casas (os lares dos irmãos e da igreja, que são, ou ao menos deveriam ser, abertos a todos os fiéis), muitos campos (trabalho na obra de Deus, oportunidades de servir ao próximo).


Romanos 12.2 Uma análise desse versículo em seu contexto nos revelará que a boa, perfeita e agradável vontade de Deus é a nossa santificação e progresso na fé, como a Bíblia sempre ensina. Deus muitas vezes permita que nosso corpo padeça, e ainda assim experimentamos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus, que ser revelará com o prêmio eterno (2Co 4.10), não sendo portanto uma cumulação de bens e prosperidade terrenos, que passam tão rapidamente.


3João 2:  Na verdade, tal texto, pertencendo à saudação, é o sincero desejo do apóstolo para um irmão em Cristo. É óbvio que devemos desejar saúde e felicidade ao nosso próximo, especialmente aos irmãos na fé. Assim sendo, a principal mensagem que o Espírito Santo nos transmite nessa passagem é a necessidade de bons desejos para com outros cristãos. Não se trata de uma promessa de que a vida do cristão seja livre de dificuldades. Isso iria contra os vários versículos que já analisamos.

Versículos diversos no AT: A respeito de uma série de versículos do Antigo Testamento, não precisamos comentar muito. A nação de Israel recebeu promessas terrenas: a posse de Canaã, prosperidade financeira, vitória contra inimigos terrenos,etc (Dt 28) Tais promessas estavam vinculadas à guarda da Lei mosaica. No entanto, como os cristãos bem sabem, os hebreus não conseguiram guardar aquelas leis. E mesmo entre aqueles que eram fiéis, havia a pobreza e enfermidades (Sl 40.17; Dt 15.11), pois tais promessas eram fugazes, temporárias, transitórias e imperfeitas. No Novo Testamento, os líderes da nação rejeitaram ao Messias porque esperavam em bens terrenos: a libertação do julgo romano, a ascensão política, militar e econômica de Israel,etc (vejamos o deboche dos precursores da teologia da prosperidade em Mc 15.30). Por isso, Cristo foi para eles pedra de tropeço (Sl 118.22. 1Pe 2.7-8), ao prometer bens eternos (Ef 2.7) e a verdadeiro prosperidade, que é sobretudo espiritual.

Conclusão

É muito triste que, em nossos dias, os cristãos queiram exigir as coisas de Deus, mesmo tendo nas Escrituras o exemplo de Abraão,  que apesar de rico, a nada se apegara, deixando parentes e amigos, vagando por terras estranhas, suportando afrontas de reis, esperando por longos anos a promessa de Deus se cumprir, e chegando ao ponto de estar disposto a sacrificar aquilo que tinha de mais precioso. É triste ver cristãos dizendo que determinam as coisas, quando o justo Jó, cuja história se tornaria um dos temas mais discutidos da humanidade (a ponto do psicanalista suíço Carl Jung dedicar ao tema um livro inteiro), bendisse a Deus após perder tudo (Jó 1.21). É triste ver evangélicos ignorantes aplaudindo um lobo ensinando que Jesus era rico, sendo que o próprio Senhor nos diz que não tinha onde reclinar a cabeça (Mt 8.21). Enquanto os Pais da Igreja mostravam-nos as belezas do sofrimento; enquanto João Crisóstomo pregou que “Á medida que o corpo é atingido por maior quantidade de incomodidades, mais o espírito possui esperança”10 ;enquanto os franciscanos da Idade Média, com seus rudes hábitos, abraçavam a “Senhora Irmã Pobreza”11, ao pregar o evangelho ao povo; enquanto a escritora medieval inglesa Juliana de Norwich pedia uma enfermidade a Deus, para melhor entender a paixão de Cristo12; enquanto os reformadores alistavam o sofrimento entre as marcas da verdadeira igreja13; enquanto Calvino disse que o pão nosso poderia ser, em certo dia, uma migalha de pão e uma gota de água apenas14; Enquanto um fiel servo de Deus escreveu um dos hinos mais belos da História (When peace like a river – Se paz a mais doce) após perder duas filhas pequenas afogadas; enquanto tantos santos passaram por severas dificuldades, enquanto os antigos crentes da Assembleia de Deus pregavam que “ Quem quiser de Deus ter a coroa/passará por mais tribulação”( Hino 126 da Harpa Cristã);os pregadores de nossos dias dizem que basta ser crente, para todas as coisas (vida financeira, saúde, trabalho,etc.) darem certo, a ponto de uma igreja apóstata (a autointitulada Igreja Universal do Reino de Deus) ter como lema a frase “pare de sofrer”. O esmagador testemunho das Escrituras, da Tradição e da História da Igreja nos provam que a teologia da prosperidade é uma mera heresia, criada em meados do séc. XX, pelos pregadores  Kenyon e Kenneth Hagin (um dos gurus de pregadores como R.R. Soares).

Embora alguns estudiosos reportem à Calvino e aos puritanos a origem da teologia da prosperidade, tal afirmação é conceitualmente deturpada. Quase sempre o ponto de partida de quem proclama tais coisas é o livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, de Max Weber, que apesar de interessante, possui uma série de problemas na visão dos historiadores atuais. Quem leva a teologia e a História eclesiástica a sério, deve interpretar corretamente os escritos calvinistas, entendendo a diferença entre prosperidade pessoal e social, acumulação e investimento justo, esbanjar e investir para a glória de Deus, prosperidade material advinda do trabalho honesto e ausência de dificuldades pela fé,etc. Como alguém que sofreu com tantas enfermidades, e era tão resignado, e amigo dos pobres, como João Calvino, poderia defender a teologia da prosperidade?

Por vezes, ao contemplar a perseverança e resignação do cristão diante do sofrimento, o pagão se converte mais facilmente do que se acontecer um milagre estupendo. Assim, o ladrão da cruz se converteu ao presenciar o inocente tormento do Senhor. O jornalista socialista Malcolm Mugerridge, ateu convicto, disse que encontrou Deus ao presenciar os rostos “cinzentos, porém iluminados”, cantando à Deus um hino de louvor na missa de Páscoa, em uma igreja na Ucrânia, enquanto morriam vítimas da fome perpetrada por Stalin (“Holodomor”)!15

A glória do sofrimento cristão é sofrer de maneira perseverante e figna. Podemos sempre recorrer a Deus em oração, implorando soluções para nossas dificuldades, mas devemos estar prontos a aceitá-las resignadamente, se esta for a vontade de Deus (Mt 6.10). Conforme nosso Senhor ensinou, a vontade soberana e inescrutável dEle deve ser buscada, e não aquilo que nós, cuja justiça é como trapos de imundície (Is 64.8), julgamos melhor ou mais confortável (Is 55.8). Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8.28). Assim, diante das tentações, enfermidades, pobreza, crises, solidão e toda a sorte de dificuldades, devem estar prontos para suportar e lutar valorosamente, perseverando no caminho estreito (Mt 7.13-14). É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus" (At 14.22).

UMA NECESSÁRIA RESSALVA CONTRA O CONFORMISMO

Há um perigo intrínseco diante da exposição do valor do sofrimento e resignação cristãos. Por vezes, líderes religiosos e políticos poderosos, cujas vidas faustosas e perfil dominador em nada lembram os pontos citados, querem impor tal necessidade à grandes massas de manobra, justificando a miséria, a fome, a opressão e o preconceito como sendo “a vontade de Deus”. Tal discurso blasfemo e anticristão tem sido uma das principais razões para o anticlericalismo, o anticristianismo e até mesmo o ateísmo na sociedade Ocidental. Durante a Revolução Francesa ( 1789), a Revolução Russa (1917-1922) e diversos episódios, o mal feito em nome de Deus, durante séculos, produziu ciclos infindáveis de ódio e vingança.

Os profetas do Antigo Testamento frequentemente denunciavam a corrupção dos poderosos. Amós chama as socialites de sua época de “vacas de Basã” (Am 4.1-3), denunciando suas vidas regaladas e luxuosas às custas da miséria de seus empregados. No capítulo 8 do mesmo livro, juízes corruptos e comerciantes fraudulentos e desonestos são igualmente condenados. Isaías disse que o Senhor se negaria a aceitar os jejuns rituais praticados por um governo injusto que oprimia os pobres(Is 58. 1-8). Deus é chamado de “pai dos órfãos e defensor das víúvas” (grupos sociais de extrema vulnerabilidade no contexto) no verso 5 do Salmo 68. 

No Novo Testamento, o glorioso precursor João Batista denuncia o que, em nossos dias, poderia ser comparado à violência policial (Lc 3.14). Falsas denúncias, extorsões, abusos de autoridade e rebeliões desproporcionais por questões salariais (o que João diria de um “capitão do Exército” que planejava detonar bombas em quartéis para protestar?) eram ameaçadas com o fogo do inferno (vs. 9 e 17).

As passagens que retratam nosso Senhor expulsando os comerciantes do Templo, enquanto derrubava suas mesas (Mt 21.12-13; Mc 11.15-16; Lc 19.45-46); a severa admoestação de Tiago contra os ricos (Tg 5. 1-6); o conceito que o apóstolo Paulo apresenta de “autoridade constituída por Deus” ( aquela que honra os que fazem o bem, pune os malfeitores, zela pela sociedade e segue e a reta justiça – Romanos 13.1-7) mostram a compreensão cristã e evangélica da denúncia contra o erro, a maldade e a opressão( que são instigadas pelo próprio diabo, fomentadas pelo poder da Babilônia e do Anticristo –Ap 18). Como diz uma antiga “Benção Franciscana”: Que Deus te abençoe com sagrada raiva à injustiça, à opressão e à exploração de pessoas para que possas trabalhar incansavelmente pela justiça, liberdade e paz entre todas as pessoas.”

REFERÊNCIAS

1SALES, Francisco de. Filoteia. Petrópolis. Vozes, 2012.
2A teologia luterana sempre deu especial ênfase à “Teologia da Cruz” (em oposição a “Teologia da Glória”). O livro “Espiritualidade da Cruz” (de Gene Edward Vetih Jr.) é uma excelente introdução a esta maneira dialética e paradoxal de pensamento e crença. Numa das passagens mais tocantes, o autor relata uma história contada por um pastor luterano, na qual um senhor de sua igreja, idoso, enfermo, submetido à hemodiálise num hospital, sempre que ouvia da própria filha(seguidora de outra vertente teológica cristã) promessas de cura divina garantida, desconsiderava esta bobagem, olhava para ele e fazia o sinal da cruz, mostrando fé inabalável na vontade de Deus, que quer na paz ou no sofrimento, nos conduz à (verdadeira) glória pelo caminho da cruz.
3CESAR, Elben M. Lenz. Conversas com Lutero. Viçosa. Ultimato. 2006
4FOSTER, Richard Rios de Água Viva.  São Paulo. Vida, 2001
5Para saber mais sobre o conceito e teorias sobre o “Deutero-Isaías”, consultar às introduções e notas explicativas encontradas na Bíblia de Jerusalém (Edições Paulinas) e na Nova Bíblia Pastoral  (Editora Paulus). Em resumos, segundo tal teoria, os capítulos 40-66 do livro de Isaías são da lavra de outro escritor, do período pós-exílico, que por razões diversas é incorporado ao texto do profeta original, de maneira harmônica, canônica e visando os propósitos divinos.
6LUTERO, Martinho. Do Cativeiro Babilônico da Igreja. Martin Claret, 2007
7BERG, Daniel.  Enviado por Deus. CPAD, 1995
8ANKENBERG, John e WELDON, John Os Fatos sobre o Movimento da Fé Porto Alegre, 1996
9Para uma maior compreensão de conceitos e enfermidades relacionados a psiquiatria, recomendo o livro Psiquiatria Básica(Editora Artes Médicas, 1995). Embora o conteúdo esteja obviamente, desatualizado, o recomendo por ser a única obra com tal abrangência e qualidade (tendo sido, inclusive, utilizada como texto de referência de Psiquiatria no Curso de Graduação da Faculdade de Medicina da USP e de consulta para alunos da pós-graduação sensu-latu na área de Psiquiatria) que possuo e consulto. Independente do que tenha sido atualizado (ou mesmo redefinido), é uma boa ferramenta para introdução nos conceitos, ferramentas, metodologia e história deste ramo da Medicina.
10JOÃO CRISÓISTOMO.  Comentário às carta de S. Paulo Vl.2. Patrística  São Paulo. Paulus, 2010
11ROTZETTER, Anton. Com Deus nos dias de Hoje. Petrópolis. Vozes
12JULIANA DE NORWICH. Revelações do Amor Divino. São Paulo. Paulus, 2018.
13Teologia da Reforma. Rio de Janeiro. Thomas Nelson, 2017.
14FARIA, Eduardo Galasso (org.) João Calvino- Textos Escolhidos. São Paulo. Pendão Real, 2008.
15MOSLEY, Steven R. Vislumbres do Criador. Vida, 1996.

sábado, 6 de junho de 2020

07/06/2020 COMEMORAÇÃO DA SANTÍSSIMA TRINDADE


          (Ano A) - 2020
          Leituras bíblicas: Gn 1.1-2.4ª; Sl 8; 2Co 13.11-13; Mateus 28.16-20
 
O símbolo conhecido como "Escudo da Trindade".
“Todo aquele que quer ser salvo, antes de tudo deve professar a fé católica (universal). Quem quer que não a conservar íntegra e inviolada, sem dúvida perecerá eternamente. E a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade e a Trindade na unidade, sem confundir as pessoas e sem dividir a substância.” (Trecho inicial do “Credo Atanasiano”, professado por diversas Igrejas Cristãs, como a Luterana).

Estou firmado e deposito todas as minhas esperanças na existência de um só Deus (Dt 6.4; Mc 12.29; Ef 4.5; ITm 2.5). O Deus eterno é trino, formado pelas hipóstases ( ou pessoas) do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Nm 6.24-26; Sl 33.6; Is 6.3; Mt 3.16-17; Mt 28.19; Mc 1.9-11; 2Co 13.14;)  e uno (as pessoas estão unidas substancialmente, de maneira que há apenas um Deus). O Pai é Deus (II Co 1.3; Gl 1.3; Fp 1.2), o Filho é Deus (Sl 45.6; Lc 1.43; Jo 1.1; Jo 20.28; Rm 9.5; Tt 2.13; Hb 1.6; 1Jo 5.20) e o Espírito Santo é Deus (Sl 139.7; Mc 3.28-29. At 5.3-4; 1Co 2.10; 2Co 3.17). Contudo não há três deuses, mas apenas um Deus. Aceito as definições trinitarianas dos credos Niceno-constantinopolitano e Atanasiano como as melhores descrições do Deus vivo e verdadeiro. Cristo é verdadeiro Deus, que assumiu a natureza humana para a nossa salvação (Jo 1). O Espírito Santo também é um ser pessoal e divino, nosso guia e Consolador.

Não existe analogia perfeita para explicar esse sagrado mistério. No entanto, podemos perceber que a natureza e nosso próprio ser estão cheios de “vislumbres-relâmpago” da Trindade. Os antigos entendiam que a unidade de nossa mente conta com três "personagens": memória, intelecto e vontade. Numa relação de amor, sempre há aquele que ama, o amado e o amor entre ambos1. A família também lembra vagamente a Trindade, pois é composta do provedor original, da companheira feita de sua costela, e da prole gerada para a glória de Deus2,

A fé em um Deus único, porém trino é algo demasiadamente maravilhoso para a mente humana. Mas, como disse Santo Agostinho, se compreender a Trindade custa a nossa mente, negá-la, custará nossa alma. Essa é a fé ensinada nas Escrituras, de forma velada e simbólica no Antigo Testamento, mas de forma explícita no Novo. Essa era a fé da Igreja primitiva, selada pelo sangue dos mártires, confirmada pelos dois primeiros grandes concílios gerais do cristianismo e pregada pelos Pais. Essa fé é o escudo dos fiéis, o galardão dos confessores,  a esperança dos aflitos, o consolo dos tristes, o cântico dos vencedores, a glória dos anjos, o esplendor do universo. Ela transforma o deserto abrasador do coração humano num jardim mais florido que o Éden. Somente a doutrina da Santíssima Trindade explica como Deus pode ter amado desde sempre (a quem iria amar, se havia apenas Ele?)- pois Ele é amor em essência (1Jo 4.16);Quão maravilhoso é um Deus que exerce sobre si mesmo o justo castigo do pecado no plano da redenção(e não o faz escolhendo um inocente alheio); e como as glórias e honras que as Escrituras tributam a Jesus Cristo e ao Espírito Santo (e são muitas!) não violam o princípio de adoração ao Deus único.

"Pai, Filho e Espírito Santo". Mais do que "Deus Altíssimo"3, mais do que "Yahweh"4, mais do que "O Clemente"5. Os cristãos conhecem a mais perfeita descrição do Criador e Sustentador do mundo, e em nome dEle são lavados de seus pecados pela fé e pelo batismo. Glória e louvor, agora e eternamente, ao Deus Triúno, O Pai Ingênito, o Filho eternamente gerado do Pai e o Espírito que de ambos procede. Amém!

A TRINDADE E A LITURGIA

O termo “Trindade” não se encontra nas Escrituras. Foi criado pelo teólogo latino Tertuliano (que viveu nos séculos II e III) para expressar uma doutrina que permeava todas as Escrituras e a prática litúrgica da Igreja desde o tempo dos Apóstolos. Na epístola de Clemente (c. 96 d.C.), nas cartas de Inácio (início do séc. II), no Didaquê (séc. II)6 e nos escritos de Justino (segunda metade do séc. II)7, entre outros, podemos ver as três Pessoas divinas associadas de maneiras inequívoca, adoradas em conjunto e apresentadas como co-autoras do plano de salvação. Os Concílios de Niceia (325 d.C) e Constantinopla (381 d.C) apenas organizaram uma doutrina que era essencial à Igreja desde sempre.

As Escrituras ordenam que o sacramento do Santo Batismo seja feito em nome da Trindade (Mt 28.19-20). A Tradição cristã também realiza o início dos cultos, a absolvição (tanto a coletiva, no culto público, quanto a privada, no sacramento da Confissão) e a benção final em nome da Trindade8. O antiquíssimo hino “Gloria Patri”9, cantado nos cultos de diversas Igrejas (como a minha – IECLB), expressa perfeitamente a perenidade de uma práxis litúrgico-doutrinária trinitária na Igreja. O Sinal da Cruz também é associado a invocação do nome da Trindade10.
Como fazer o Sinal da Cruz, na maneira Ocidental (Em uso nas Igrejas Romana, Luterana e Anglicana)

SÍMBOLOS

Diversos símbolos visuais são associados a doutrina da Trindade. O “Escudo da Trindade”, de origem medieval, é encontrado em diversos monumentos e brasões cristãos. S. Patrício, missionário
O símbolo conhecido como "Triquetra".
responsável pela evangelização da Irlanda, usou a folha de trevo como uma forma de analogia da doutrina, ao explicá-la para os habitantes locais (embora, como já vimos todas, as analogias possíveis não cheguem nem perto da precisa expressão deste mistério de fé). O mesmo Patrício escreveu uma famosa oração matutina invocando a proteção da Trindade. A “Triquetra”, símbolo celta-germânico de origem pré-cristã, associado ao culto primitivo da deusa-mãe (e utilizado também, com diversos significados, por grupos ocultistas), foi incluído na simbologia cristã medieval, num processo de aculturação (assim como diversos outros símbolos e termos da teologia cristã).






 
Santo! Santo! Onipotente!
Deus supremo Criador.
Nós agora, reverentes,
Nos prostramos, ó Senhor
Majestade gloriosa
És Senhor da terra e céu
Ante o trono esplendoroso
Nos curvamos, santo Deus.

Amoroso e justiceiro,
Poderoso Rei dos Reis
Gloriosa é a tua presença
Boa e santa é a Tua lei
És perfeito e tão piedoso
És o verdadeiro Deus.
Homens vis e pecadores
Transformaste em servos Teus

Pai eterno e poderoso
Te louvamos com fervor.
Cristo santo te adoramos,
Ès o nosso Salvador
E ao Consolador bendito,
O vigário de Jesus
Glória eterna ao Deus triúno,
Nossa vida, nossa luz!

(Giovani Aguiar)




NOTAS E REFERÊNCIAS:


1.      AGOSTINHO, Santo . A Trindade  Coleção Patrísitca . Ed. Paulus
2.       KREEFT, Peter em   Jesus, o maior Filósofo que Já Existiu . Ed. Petra. Kreeft comenta a narrativa do livro    de Gênesis.
3.   (Heb: עליון אל  transl. El ‘Elyon) Um dos primeiros títulos de Deus utilizados na Bíblia. Melquisedec, sacerdote-rei de Salem, usou-o para abençoar o patriarca Abraão (Gn 14.18-19)
4.      Nome derivado da raíz hebraica יהוה (YHWH), associado ao termo “EU SOU O QUE SOU” (Ex 3.14), revelado por Deus em íntima associação com a Antiga Aliança. Era tão sagrado para os antigos hebreus, que só poderia ser pronunciado, uma vez por ano, pelo sumo-sacerdote, no Lugar Santíssimo
5.      (Do ár.  ٱلْرَّحْمَـانُ   transl.  Al Rahman) Um dos principais nomes para Deus no Alcorão, livro sagrado do Islamismo (que, ao lado do judaísmo  e do cristianismo, é uma das três grandes religiões monoteístas abraâmicas)
6.       Padres Apostólicos. Coleção Patrísitca. Ed. Paulus
7.       JUSTINO DE ROMA, Col.  Patrística. Ed. Paulus
8.    Liturgia completa ilustrativa. Portal Luteranos. Disponível em: https://www.luteranos.com.br/conteudo_organizacao/celebracao-liturgia/culto-liturgia-modelo  Acesso em:  06/06/2020 às  19:31
9.      “Glória seja dada ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém.”
10.   No seu Catecismo Menor, Lutero dá a seguinte orientação: “De manhã, quando acordares, deves abençoar a ti mesmo com o sinal da cruz e dizer: “Que isto me conceda Deus o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Amém”. É necessário ressaltar, no entanto, que os luteranos não fazem o sinal da cruz como superstição ou mágica, e sim como lembrança, oração e profissão de fé.