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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

John Bunyan

John Bunyan by Thomas Sadler 1684.jpg Hoje, 30 de Agosto, o calendário litúrgico da Igreja da Inglaterra celebra a memória de John Bunyan. O autor de O Peregrino, o segundo livro mais publicado no mundo (atrás apenas da Bíblia), foi um pregador batista calvinista, que surgiu como uma figura simples e sem muita tendência à fama. Passou por difíceis situações na vida, mas guardou a fé até o fim. Vamos ver um pouco de sua vida e obra.

Nascido em 1628, na paróquia de Elston, a alguns quilômetros de Bedford, na Inglaterra, era filho de um pobre latoeiro (metalúrgico). Aos dezesseis anos, se alistou no exército parlamentarista, contra o rei Carlos I, durante a Guerra Civil Inglesa. Posteriormente, deixou o exército, se casou e constituiu família.

John Bunyan passaria por uma profunda depressão espiritual nos anos seguintes. Convencido de sua pecaminosidade, desesperado com as ilusões e vaidades da vida, agonizou por meses em sua indignidade, até conseguir descansar na graça de Deus. De grande valia em sua conversão foram os comentários de Martinho Lutero sobre a epístola aos Gálatas. Tornou-se então um fervoroso pregador leigo, ligando-se aos batistas reformados, que eram um dos grupos não-conformistas da época.

No séc. XVII, a Inglaterra havia passado por uma violenta guerra, em parte devida a religião, nas quais os anglicanos (ligados a Igreja da Inglaterra, igreja oficial da nação no período monarquista) e os puritanos (grupos de tendência calvinista rígida, que criticavam a igreja oficial e tomaram o poder sob a liderança de Olliver Crownwell) se enfrentavam, por vezes chegando ao conflito armado. Quando da restauração da monarquia, a política do rei Carlos II, que tivera o pai assassinado pelos puritanos, levou a uma instransigente perseguição aos não-anglicanos. Em 1660, Bunyan foi preso por não se submeter aos regulamentos anglicanos, que eram obrigatórios para todos os que queriam exercer a pregação pública. Ficou doze anos na prisão, nos quais escreveu sua autobiografia espiritual, Graça abundante para o principal dos pecadores. Em liberdade, assumiu o pastorado da Igreja Batista em sua cidade. Posteriormente, seria preso por seis meses, e foi na prisão que escreveu sua principal obra, O Peregrino.

Essa interessante obra se tornaria um dos escritos cristãos mais amados da História, sendo traduzida para inúmeras línguas, e gozando de popularidade até os nossos dias. Inspirou filmes e jogos eletrônicos. O livro é uma alegoria, que conta a história da peregrinação de Cristão, um pecador arrependido, que sai da Cidade da Destruição rumo à Cidade Celestial. No caminho, enfrentará vários inimigos, que representam as forças do diabo, do mundo e da carne, entrará em contato com figuras que representam as virtudes, visitará lugares que representam diversos aspectos da vida cristã, receberá itens e armas que lhe ajudarão na caminhada. Em cenários com aventura, diálogos e ação, que nos fazem sentir estar em um jogo de RPG, ele experimentará diversas situações, que de uma forma ou outra, se repetem na vida de todo aquele que quer servir a Cristo. O livro, por sua imensa popularidade e profundidade (apesar da linguagem simples e acessível), seria analisado teologicamente, filosoficamente e psicologicamente, por pessoas como o teólogo luterano Paul Tillich.

John Bunyan faleceu em 1688. Além de suas obras literárias, sua vida foi marcada por um fervoroso calvinismo, e pela tolerância e respeito com cristãos de outras denominações. 

Alguns trechos de obras de John Bunyan:

"Os dons são desejáveis, mas a graça abundante que acompanha os dons singelos é muito melhor que importantes dons sem a presença da graça. A Bíblia não diz que o Senhor concede dons e glória, mas que concede graça e glória. Benditos sejam todos a quem o Senhor concede verdadeira graça, pois está é certamente a precursora da glória." (Graça abundante para o principal dos pecadores).

"Se os eleitos fossem deixados entregues a si mesmos, eles, pela iniquidade de seus próprios corações, pereceriam como os demais. Tampouco poderiam, todos os argumentos razoáveis e persuasivos do evangelho de Deus em Cristo, prevalecer, para fazer uma pessoa receber o evangelho e viver...vemos, pois, que também existe a graça da eleição, e essa graça gentilmente predomina e vence o espírito dos escolhidos. Há um remanescente que recebe esta graça; eles são destinados para isso, desde antes da fundação do mundo." (Reprovação assegurada).

"Então uma mão misteriosa lhe ministrou algumas folhas da árvore da vida. Cristão aplicou-as sobre as feridas que recebera na peleja,e ficou de todo curado. Depois assentou-se naquele lugar, para comer do pão e beber do vinho que pouco antes lhe tinham dado. Assim fortalecido, seguiu seu caminho, levando na mão a espada desembainhada, com receio de que algum outro inimigo lhe saísse ao encontro". (O Peregrino)

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