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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

15 de Agosto - Comemoração de Maria, mãe de nosso Senhor



Hoje, os católicos romanos celebram a Assunção de Maria. Segundo sua teologia, exibida no Catecismo da Igreja Católica, ela teria sido elevada aos céus em corpo e alma, não passando pela morte. Tal doutrina foi proclamada como dogma pelo papa Pio XII na bula Munificentissimus Deus, de 1950 .Os protestantes defendem que a mãe do Senhor passou pela morte. Tal doutrina também é apregoada pelos ortodoxos (que, no entanto, creem que seu corpo foi assunto aos céus antes que experimentasse a corrupção, assim como ocorreu com Jesus) As tradições protestantes que usam o calendário litúrgico reservaram o dia de hoje para relembrar Maria em aspectos gerais. Vejamos a beleza do testemunho da Virgem bendita, e como ela é um exemplo para todos aqueles que querem seguir fielmente o seu Filho Jesus Cristo.

Maria era uma moça piedosa. A graça divina a enchia (Lc 1.28). Por isso, foi escolhida entre tantas para ser a mãe do Filho de Deus.

Maria era obediente. Mesmo sem conhecer totalmente todas as consequências do grande plano que Deus tinha para a sua vida, entregou-se de corpo e alma (Lc 1.38). Como ela, todos nós devemos dizer: “Eis me aqui, faça-se em mim a vontade do Senhor”.

Maria nos mostra que a vida com Deus trará alegrias e vitórias. Quando o menino João Batista, ainda no ventre de sua mãe, salta de contentamento ao ouvir a saudação, Maria profetiza, pelo Espírito Santo, e se alegra em saber que Deus iria visitar o povo eleito, que havia chegado o tempo de exaltação de uns, e humilhação de outros, de modo que só o Criador soberano e Senhor da História poderia fazer (Lc 1.42-55). Ela soube que seria o perfeito arquétipo da maternidade, e que seu nome seria proclamado com exaltação por todo o povo eleito através dos séculos.
Maria é um exemplo de meditação e ponderação. Ao ouvir muitas coisas dos pastores, ela guardou-as em seu coração, meditando (Lc 2.19). Ao ouvir palavras misteriosas de seu Filho, ela guardou-as em seu coração (Lc 2.51). Não era uma mulher tola, que “tinha resposta para tudo” (Pv 29.11), mas com sabedoria e discrição, enveredava-se pelo longo caminho que deveria percorrer.
Maria nos mostra que todo aquele que quer servir ao Senhor há de sofrer. O caminho do peregrino é cercado de espinhos, e Maria o experimentou muitas vezes. Recebeu cruel profecia (Lc 2.35), teve de fugir de sua terra e de sua gente, refugiando-se entre um povo idólatra (Mt 2.13-15) Experimentou a dor de pensar o que teria acontecido com seu Filho adolescente, durante três fatídicos dias (Lc 2.45-46). Mas nenhum de seus sofrimentos comparou-se àquele que ela, em sua idade madura, iria experimentar. Seu tão amado Filho, sendo oferecido em sacrifício para a remissão dos pecados da humanidade. Ela estava lá, e não o abandonou no terrível espetáculo da cruz (Jo 19.25). O que teria ela pensado e sentido, quem poderá entender? Afora sua aguda dor de mãe, ela recebia um golpe violento em sua fé. Era esse o fim d’Aquele que exaltava os humildes e humilhava os soberbos? Que estranha forma de salvar a humanidade!

Por fim, Maria nos mostra a perseverança dos escolhidos do Senhor.

“Não temas, ó mãe abençoada, na sexta-feira, sofreste horrivelmente, e pareceu que tudo havia acabado. Ouve agora, ao terceiro dia: Teu Filho ressurgiu! A morte não poderia prender àquele que é o Rei da vida. Sim, Maria, Ele foi retirado de ti, mas ascenderá aos céus, vindicado e soberano. A obra está consumada, e um dia participarás com Ele das glórias do paraíso”.

Seu Filho havia subido aos céus (At 1.11). Maria havia compreendido de forma definitiva: os planos de Deus nunca falham. Mãe vitoriosa e abençoada, ela estava com as primícias da Igreja no cenáculo, onde recebeu a promessa do Espírito (At 1.14). E ao mesmo Espírito aprouve, através das Escrituras, mostrá-la pela última vez, dessa maneira: vitoriosa e perseverante.

Lembremo-nos do exemplo sublime da Virgem Mãe, a quem todas as gerações chamam de bendita. Ela é a grande representante da semente piedosa (Ap 12) que se sucedia desde que Eva havia se arrependido de seu pecado (que havia introduzido o mal na raça humana). Ela é a nova Eva (conforme foi chamada por Irineu de Lião), pois se, pela primeira, o Inimigo convencera Adão a pecar, por Maria veio aquele que reverteria o caminho do primeiro Adão. Maria foi um vaso de honra, um exemplo de santidade, e a mais exaltada das criaturas da Santíssima Trindade. Que possamos seguir o seu sábio conselho, de fazer tudo aquilo que seu Filho mandar (Jo 2.5), e confiarmos, como ela, que a salvação é obra da graça divina (Lc 1.47), a fim de podermos herdar com ela e com todos os santos, a vida eterna.

“Na economia da salvação,
Foste maior que os querubins
Em teu seio virginal
Nasceu quem salva a mim

Com honras nós nos lembramos
De ti, Maria, escolhida.
Por Ti o nosso Senhor
Veio à terrena vida

Louvemos ao Deus de Maria
E ao seu Filho, bom Jesus
E a quem, com sua sombra
Cobriu-a, Deus de luz.”


APÊNDICE: Giovani, o título “Mãe de Deus”, aplicado a Maria pelos católicos romanos, é correto?

Esse é um dos mais antigos dogmas marianos da Igreja Romana. Mas também é aceito pelos cristãos ortodoxos e por vários grupos protestantes. Declarado no Concílio de Éfeso (431), o III Concílio ecumênico, teve como objetivo a apologia da doutrina bíblica sobre as duas naturezas de Cristo e a relação entre elas. Maria é corretamente chamada de "Theotokos", que significa "portadora de Deus", título traduzido para o latim como "mater Dei"(mãe de Deus), forma que usamos hoje no Ocidente.

O objetivo desse título não foi a adoração de Maria, conforme afirmam alguns textos apologéticos evangélicos, mas a defesa da doutrina da União Hipostática, ou seja, que na pessoa de Jesus Cristo permanecem unidas inseparavelmente e sem confusão as naturezas divina (o Logos eterno de Deus) e a humana (constando de corpo e alma racional).

O título existia desde o tempo de Orígenes, sendo defendido amplamente pelos Pais da Igreja. O Concílio foi convocado porque Nestório, arcebispo de Constantinopla, afirmava que em Cristo subsistiam não duas naturezas, mas mesmo duas pessoas. Assim sendo, seria possível separar nosso Salvador e dizer que Maria era apenas a "Christothokos" (mãe apenas da natureza humana de Cristo). Cirilo, arcebispo de Alexandria, passou a atacar o colega, dizendo que sua doutrina contrariava as Escrituras e a Tradição da Igreja. Para ele, era necessário, mais do que nunca, defender o título "Mãe de Deus", e assim preservar a perfeita unidade de Jesus. O concílio foi convocado, e Cirilo saiu vitorioso. Conseguiu que Nestório fosse deposto, excomungado e banido do Império Bizantino. Os seguidores de Nestório, que floresceram na Pérsia e na Ásia Central por séculos, ficaram conhecidos como nestorianos, chegando a evangelizar a China em plena Idade Média. Mas, hoje em dia, são muito poucos. O Concílio de Calcedônia (451) confirmou o título mariano, que tornou-se dogma de fé incontestável nas Igrejas oficiais.

Os grandes reformadores (como Lutero, Calvino e Zuinglio) defenderam a maternidade divina de Maria. Os documentos confessionais da Igreja Luterana o afirmam claramente.

Vamos usar uma comparação: Isaque é filho de Abraão e Sara. Sabemos, pela biologia atual, que ele herdou parte de seu material genético de seu pai, e parte de sua mãe. No entanto, Abraão é, verdadeiramente, o pai de Isaque, e não o "pai da parte de Isaque que veio dele". Sara, verdadeiramente, é mãe de Isaque, e não a "mãe da parte de Isaque que veio dela". Pois em Isaque as heranças genéticas dos dois estão indissoluvelmente unidas, de modo que Isaque é um só. Assim, na pessoa de Jesus Cristo, as duas naturezas estão indissoluvelmente unidas, e sendo Ele verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sua mãe pode verdadeiramente ser chamada de "Mãe de Deus". Por isso, caro leitor, que os Pais da Igreja, os teólogos medievais, os reformadores e eu defendemos o uso do título "Mãe de Deus" para Maria.


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