Quem, naquela sexta-feira
escura, pensaria que aquela aparente derrota se transformaria na mais
retumbante vitória? O profeta Jesus havia sido preso como um bandido. Julgado
pelos líderes da nação, fora condenado. Apanhara como um criminoso, e fora
forçado a carregar a cruz pelas ruas de Jerusalém, servindo de espetáculo e
zombaria para os seus inimigos. Recebera a morte mais dolorosa e humilhante.
Os discípulos, cheios de
temor, envergonhados com a estupenda derrota (era assim que pensavam), correram
covardemente, e se esconderam como animais perseguidos pelo caçador. Tudo
estava acabado. Jesus morrera, e não trouxera o reino a Israel. O que os
discípulos fariam? Nada mais restava. Chorariam a decepção, e retornariam a
suas funções. Quem sabe, um dia, Deus levantaria outro profeta, e daí as
esperanças renasceriam...
Mas nós conhecemos o fim
da História. Ao terceiro dia, Jesus ressurgiu. Ele era, de fato, o Messias
prometido, e vencera a morte. Tomé, que outrora duvidara, fez a proclamação
suprema: Ele era Senhor e Deus. Os discípulos então tiveram o véu retirado de
suas vistas, e entenderam aquilo que realmente acontecera na cruz. Jesus Cristo
derrotou o diabo, expiou os nossos pecados e nos livrou do julgo tirano do mal.
A cruz de horror, a cruz da vergonha, tornara-se a cruz preciosa, a cruz
gloriosa. O amargo se tornou doce. A derrota tornou-se vitória. Eis agora, que
grande tarefa lhes foi dada: deveriam sair pelo mundo, sob o estandarte da
cruz, proclamando a mensagem do Cristo vencedor.
A cruz se tornaria um
carro de triunfo. Percorrendo o mundo, de Jerusalém para os confins da terra,
conquistaria os corações dos homens, subverteria a ordem do universo,
derrubaria os soberbos e levantaria os humilhados. O Império Romano prostrar-se-ia
diante da cruz. Os seus imperadores morreriam um a um, e embora proclamados
divinos por seus sucessores, logo seriam esquecidos, um a um. A cruz vencera. O
Evangelho se espalharia pelo mundo. Homens e mulheres, de todas as nações,
tribos, línguas e classes sociais se prostrariam diante da cruz preciosa, e a
História da humanidade seria transformada. O Reino chegara. Não um reino de
promessas terrenas e temporárias, mas um Reino eterno, um Reino conquistador,
que prostraria os corações dos pecadores, mediante a obra suprema de Deus
Espírito Santo, convencendo os eleitos de Deus a abandonarem os cuidados
mundanos e a vida pecaminosa. Cabe agora, a todo aquele que se achega ao
Salvador, tomar a sua cruz, oferecendo-se no altar de Deus, e viver a nova
vida, pautada pela fé, pela esperança e pelo amor.
Contemplem, cristãos, o
lenho do Salvador! Que vitórias nos traz tal contemplação! A vitória foi
consumada, nada impedirá o avanço do reino. Olhem, que estímulo para cada um de
vocês! Vendo a cruz mais pesada que o Senhor carregou, a de vocês torna-se leve
e doce. Eis a cruz nossa de cada dia, que é, ao mesmo tempo, uma provação
contínua e um julgo suave. Coragem, irmãos, um dia a trocarão pela coroa da
vitória.
Tudo passa, a mensagem da
cruz nunca muda. Cristo Deus chama a todos os homens: "Venham, prostrem-se
diante de minha cruz, e recebam uma amarga e doce cruz que vos darei. Eu vos
garanto a proteção, o consolo e a vitória.".
A cruz triunfou. Ela é o
remédio da humanidade, o ponto culminante da História, a glória dos anjos, o
esplendor do Universo. Nela foi julgado e condenado o Príncipe deste mundo.
Nela foram julgados e inocentados os cristãos. Ela é a escada santa,
incomparavelmente mais gloriosa do que a vista por Jacó, que une o homem a
Deus. Ela é o trono de onde o Cristo reina. Ela é a garantia da vitória do bem.
A cruz triunfou. Cristo vence. Aleluia!
"Brilhando sobre o
mundo,
Que vive sem tua
luz
Tu és um sol
fecundo
De amor e de paz,
ó cruz!
À sombra dos teus
braços
A Igreja viverá
Por ti no eterno
abraço
O Pai nos
acolherá."
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