Outro grupo de
grande envergadura espiritual do período foram os chamados “Pais do Deserto”,
os primeiros monges cristãos, que, a princípio se retiravam para lugares ermos
a fim de orar e meditar. Pessoas de várias partes iam consultá-los, a fim de
receber sábios conselhos espirituais. O primeiro dos Pais do Deserto foi Antão (251 d.C.- 356 d.C.),
cuja vida é a nós narrada pelo já citado Atanásio. Outros homens e mulheres,
como Pacômio(c.292 d.C.-348 d.C.) e Maria Egípcia (que era prostituta antes de se converter) também
estão nesse grupo. Com o tempo, esses eremitas viram que seria mais proveitoso
caso passassem a viver em grupos. Basílio de Cesareia foi um dos organizadores
desses grupos. A vida monástica tal qual conhecemos teve origem, no Ocidente,
com Bento da Núrsia (480-547), que fundou um mosteiro na Itália e escreveu uma regra de
obediência para os que quisessem se ajuntar ao seu grupo (a futura ordem
beneditina). A partir daí, várias ordens foram surgindo. Os monges faziam voto
de pobreza, obediência e castidade. Pode nos parecer muito duro, mas conforme
observa Richard Foster em um de seus livros, tais votos são respostas enérgicas
às três áreas nas quais somos mais tentados: dinheiro, poder e sexo. Mas se engana
quem pensa que os monges apenas oravam e intercediam por tudo e todos, seja em
orações particulares, seja em liturgias nos templos (o que, aliás, já era uma
grande tarefa). Especialmente na ordem beneditina, havia uma série de trabalhos
aos quais os monges se dedicavam, que iam da manutenção do prédio do mosteiro à
produção de alimentos e drenagem de pântanos. Graças a estes monges nós
possuímos a Bíblia, pois foram eles que fizeram as cópias dos manuscritos
bíblicos, e cópias destas cópias. Escreveram também rico material teológico e
devocional, baseado nas longas horas de oração, estudo e meditação que tinham
nos mosteiros. Nas bibliotecas dos mosteiros eram conservadas também obras
herdadas da Antiguidade, sendo os mosteiros, num primeiro período, os centros
intelectuais medievais (posteriormente disputariam esse posto com as
universidades). Vale lembrar também que os mosteiros acolhiam visitantes e
necessitados, e foi ao lado de muitos mosteiros que nasceram os hospitais
modernos. Devido a essa grande importância dos mosteiros, o teólogo católico
Felipe Aquino chama o citado Bento de “Pai da Europa”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário