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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

A DIVINA LITURGIA DA IGREJA LUTERANA UCRANIANA

(Tradução e comentários por Giovani Aguiar , 2020) 

Breve histórico do Luteranismo Ucraniano

A Europa Oriental sempre foi uma região turbulenta, disputada por impérios com interesses e crenças diferentes. A constante ameaça dos turcos muçulmanos e as disputas de poder entre potências católico-romanas (como a Áustria) e ortodoxas (como a Rússia) se refletiam em constantes partilhas políticas e cismas eclesiásticos. Em 1596, através do tratado conhecido como “União de Brest”, boa parte da jurisdição ortodoxa da região da Galícia, nas atuais Ucrânia e Polônia, decidiu colocar-se sob o julgo do papado romano, estabelecendo como condição a permanência de certos costumes e direitos: clérigos casados, o rito bizantino e celebrações em idioma comum.

Enquanto a região da Galícia permaneceu sob o governo do Império Austro-Húngaro (dissolvido no fim da Primeira Guerra Mundial), tais direitos foram respeitados. A partir do momento em que o governo do recém-constituído estado polonês assumiu o controle, a hierarquia católica revogou os privilégios do grupo, instituindo a Missa Tridentina, a língua litúrgica latina, e proibindo a ordenação sacerdotal de homens casados.

A comunidade ucraniana sentiu-se traída pelo papado – que dera apoio à latinização forçada. O desejo de preservar suas tradições milenares, a revolta contra a tirania de Roma e a arbitrariedade de seus bispos, conduziram os ucranianos fiéis a Roma a buscar uma solução.

Nesse contexto, o Rev. Teodor Yarchuk (1896-1941), seminarista Católico Grego que abraçara a teologia luterana, traduziu para o idioma ucraniano o Catecismo Menor de Lutero e a Confissão de Augsburgo, além de compilar um Hinário Evangélico Ucraniano. No entanto, sua obra mais notável foi uma versão da Divina Liturgia de São João Crisóstomo, (adotada pela Igreja Ortodoxa), adaptada à teologia luterana. Desta maneira, a cultura, o ethos e o simbolismo típicos dos ucranianos foram mantidos. Tal liturgia foi publicada, em 1933, no Livro de Culto Evangélico Ucraniano.

Severamente perseguida pelo governo soviético, a Igreja Luterana Ucraniana ressurgiu das brumas com a queda da URSS. Atualmente, possui também congregações na América do Norte.

Podemos dizer que o Rev. Yarchuk, martirizado pelos stalinistas em 1941,  foi um “reformador evangélico no contexto ortodoxo”. Sua revisão da liturgia oriental encontra paralelos na revisão, feita por Martinho Lutero, na liturgia ocidental (Formula Missae, Deutsche Messe,etc.), durante o século XVI.

Curiosamente, o Rito Luterano Bizantino é mais próximo, em suas características gerais (como a simplicidade, a ênfase bíblica, o caráter didático, a participação comunitária e maior igualdade entre o clero e o laicato) à liturgia celebrada em Constantinopla na época de S. João Crisóstomo (séc. IV-V), do que a versão altamente ritualística em voga na Igreja Ortodoxa atualmente (cujos últimos desenvolvimentos remontam ao séc. X).

Por último, devemos lembrar que João Crisóstomo é, depois de Santo Agostinho, o Pai da Igreja mais citado pelos reformadores luteranos, como base histórica para as doutrinas por eles defendidas.

 

A DIVINA LITURGIA DA IGREJA LUTERANA UCRANIANA

(versão  revisada (1998) do rito publicado, em 1933, pelo Rev. Teodor Yarchuk (1896-1941)

Liturgia Dominical Ordinária

 

          Comentários gerais:

  •   Foram omitidos trechos incompatíveis com a doutrina luterana confessional: invocação e culto aos santos (Ex: o “Axion Estin”, o “Kondakion à Mãe de Deus” e o “Tropário do santo padroeiro”) , as intercessões pelos falecidos, o caráter sacrificial e meritório da missa, etc.
  •   Várias orações foram abreviadas e ou/removidas (incluindo toda a liturgia preparatória); repetições diversas foram eliminadas. O foco deslocou-se da pompa ritual (“igreja de imagem”). para a Palavra 
  •   No aspecto visual, mesclam-se elementos latinos (como o crucifixo tridimensional sobre um  altar visível aos olhos da congregação)  e orientais (ícones pintados, vestimentas bizantinas, prostrações, calendário juliano uso abundante do sinal da cruz, incenso, estilo do canto litúrgico, arquitetura dos templos)
  • Elementos típicos luteranos, como hinos métricos e a ênfase didática,completam a dinâmica da tradição.

 

CONFISSÃO DE PECADOS E ABSOLVIÇÃO

(Pode ser substituída por uma fórmula abreviada)

P: Amados em Cristo, o Senhor! Porque desejais se achegar à Ceia do Senhor e partilhar os santíssimos Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, eu vos conclamo a seriamente considerar se estais preparados para participar de tão grande e santo Mistério. Três coisas são necessárias para uma recepção digna da Ceia do Senhor, às quais deveis direcionar a atenção: Primeiro, vós não deveis minorar vossos pecados, nos quais vós fostes concebidos e viestes a este mundo, e que têm cometido em pensamentos, palavras, ou atos, secreta ou abertamente, mas deveis reconhecer que mereceis justamente a ira de Deus, o seu castigo temporal e eterno. Tal reconhecimento deve vos mover e despertar-vos um sincero pesar por ter levado uma vida tão má e que, com vossas transgressões, muitas vezes ofendeu o vosso Pai Celestial. Em segundo, deveis reconhecer a verdade de que por vossos próprios atos e méritos não podeis apagar vossos pecados e transgressões, e nem obter o perdão de Deus. O sangue de nosso Senhor Jesus Cristo é o único resgate suficiente para as nossas transgressões e para a purificação de nossas almas. Descansados nessa fé e esperança, com lágrimas de sincero arrependimento, clamem  a Deus, vosso Pai celestial, e implorai a Ele que , por causa de Cristo e de sua grande misericórdia, ele perdoe vossos pecados e transgressões. E em terceiro, devereis desejar sinceramente, com a ajuda de Deus e a presença do Espírito Santo, mudar e alterar vossa maligna existência e modo de vida. Coloquem de lado quaisquer ira ou ódio contra qualquer um entre seus próximos que possais ter tido até agora.; perdoai qualquer insulto que tenha sido feito a a vós; e clamai a Deus, que perdoará os vossos pecados e transgressões, e vos concederá o dom de seu Santo Espírito, para que estejam preparados para receber dignamente o Mistério da Ceia do Senhor.

P: Portanto, como humilde servo de Cristo, e em nome do Senhor nosso Deus, pergunto-lhes, amados em Cristo: Vocês acreditam que Jesus Cristo, o Filho unigênito de Deus, é nosso único Salvador, e que é apenas por causa de Cristo que vós sois capazes de receber e desejais receber o perdão de todos os vossos pecados e transgressões? Se sim, (cada um) declare-o dizendo: Eu acredito!

C: Eu acredito!

P: Vocês se arrependem sinceramente por ter ofendido o Senhor vosso Deus, o maior Bem e o maior Amor? Se sim (que cada um) declare-o, (dizendo): Eu o sinto muito!

C: Eu o sinto muito!

P: Vocês pretendem, firmemente e sinceramente, mudar vossas vidas pecaminosas, e perdoar ao vosso próximo os erros que cometeram contra vós? Se sim, o declarem , (cada um) dizendo: Eu pretendo!

C: Eu pretendo!

P: Com base em vossa confissão, de que se arrependem sinceramente de vossos pecados, e na verdadeira fé, buscam consolo nos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo, eu – seu mais indigno servo- , chamado e autorizado a pregar a Palavra de Deus, assim declaro a vós o perdão de todos os vossos pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

 

P: Curvemos nossas cabeças, em oração.

P: Misericordioso Deus, Pai celestial, nós te agradecemos com todo o nosso coração por não te afastares de nós devido aos nossos pecados, mas por enviares teu Filho Unigênito para a nossa salvação, para que nós, com arrependimento e uma viva fé nele, possamos ser aceitos por ti. Vós não nos rejeitastes agora, quando, com consciências pesadas e corações partidos, buscados teu perdão para os nossos pecados, mas através de teu único Filho mostraste-nos teu grande favor e terna misericórdia. Agradecemos tua amorosa ternura, e te imploramos: Trabalha em cada um de nós a tua divina potência, para que possamos resistir a todas as tentações e servir apenas a Ti! Pela memória do sacrifício e morte de Cristo, afastai de nós todos os desejos pecaminosos, para que, pela fé, possamos permanecer sempre em teu Filho, que em seu amor por nós entregou-se a si mesmo para ser sacrificado na cruz. Escuta-nos, te pedimos, misericordiosíssimo Pai, pelo teu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Comentários: Percebemos uma forte tendência ocidental nessa confissão de pecados. O vocabulário, estilo e as ênfases são, tipicamente, luteranos

 

HINO E ORAÇÃO DE ENTRADA

INVOCAÇÃO

Pastor: Glória a Deus nas alturas, paz na terra e boa vontade entre os homens. Ó Senhor, abre os meus lábios e proclamarei os teus louvores.

Bendito seja o Reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

Congregação: Amém;

 

PRIMEIRA LITANIA

P: Em paz, oremos ao Senhor.

C: Senhor, tem piedade! (se repete a cada súplica)

P: Pela paz que vem do alto e pela salvação das nossas almas, pela paz do mundo inteiro, pela estabilidade das santas Igrejas de Deus, e pela unidade de todos os povos no Santo Evangelho, oremos ao Senhor.

P: Para que todas as pessoas, pela fé em Jesus Cristo tornem-se filhas de nosso Pai Celestial, vivendo de maneira santa, honesta e verdadeira, oremos ao Senhor.

P: Por nossa nação, nossa terra-mãe, nossa cidade e país, e todos os que com fé, devoção e temor a Deus são reunidos para este culto, oremos ao Senhor;

P: Para que a nossa nação seja dado um espírito de conhecimento, entendimento e avidez para ler as Santas Escrituras, oremos ao Senhor.

P: Pela salubridade do clima, pela abundancia dos frutos da terra e por um alimento espiritual sólido para a nossa nação, oremos ao Senhor.

P: Por todos os que se encontram desviados, enfermos e em sofrimento, pelos cativos e por sua salvação, oremos ao Senhor.

P: Pelo bispo de nossa Igreja, pelo presidente de nossa nação, e por todos aqueles que possuem autoridade espiritual e temporal sobre nós, oremos ao Senhor.

(Petições adicionais por necessidades gerais da igreja e da sociedade civil podem ser inseridas aqui)

P: Para que sejamos livres de toda aflição, ira,  perigo e necessidade, oremos ao Senhor.

P: Protege-nos, salva-nos, tem misericórdia de nós, e guarda-nos, ó Deus, pela tua graça.

P: Relembrando o exemplo da Bendita Virgem Maria, Mãe de Deus e de todos os santos, encomendemo-nos a nós mesmos e toda a nossa vida a Cristo nosso Deus.

C: A Ti, Senhor.

P: Pois a Ti, nosso Deus, são devidas toda glória, honra e adoração, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

C: Amém.

P: Ó Senhor nosso Deus, teu poder é incomparável e tua glória é incompreensível. Olhai para nós, o teu povo, com piedade, ó Mestre, e infunde as riquezas de tua misericórdia e de tua compaixão em nós e em todos os que oram conosco.

 

Comentários: Na litania original, a Virgem é referida como “Santíssima, Puríssima, bendita e gloriosa senhora nossa”. Em outras ocasiões, termos superlativos referentes a ela também são arrefecidos de acordo com a teologia evangélica.;

 

ANTÍFONA

(Durante certas festas ou ocasiões, outras antífonas podem ser utilizadas)

 

C:Bendize, ó minh’ alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo Nome! Bendizer, ó minh ‘alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades, Que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia, Que farta a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a da águia. O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos. Misericordioso e piedoso é o Senhor; longânimo e grande em benignidade. Bendizei ao Senhor, todas as suas obras, em todos os lugares do seu domínio; bendize, ó minha alma, ao Senhor.

C: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos. Amém. Ó Filho Unigênito, Filho e Verbo imortal de Deus, que para a nossa salvação quiseste encarnar da Bendita Virgem Maria, Mãe de Deus; que sem alteração te tornaste homem e foste crucificado. Tu, que és um da Santa Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo: Ó Cristo nosso Deus, que pisaste a morte com a morte, salvai-nos!

P: Pois tu és um Deus bom e filantropo, e a ti é devida toda a glória, honra e adoração, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

C: Amém.

 

COMENTÁRIO: Na versão ortodoxa original há três antífonas, que são intercaladas pela súplica: “Pelas intercessões da Mãe de Deus, ó Salvador, salva-nos!” (a qual não caberia, de maneira alguma, na teologia luterana). O texto ”Ó Filho Unigênito” é um dos mais conhecidos da liturgia bizantina, e sua autoria é atribuída ao imperador Flávio Justiniano (482-565 d.C.), sendo considerado um marco da cristologia ortodoxa, pautada pelos concílios ecumênicos de Éfeso (431 d.C.) e Calcedônia (451 d.C.).

 

ORAÇÃO PENITENCIAL E TRISAGION

P: Ó Santo Deus, que do nada trouxeste todas as coisas à existência; que criaste o homem à tua própria imagem e semelhança, adornando-o com seus dons, que dás aos que lhe pedem sabedoria e entendimento; que não desprezais o pecador, mas ao invés disso, lhe apontas o arrependimento para a salvação. Ó <estre, visita-nos em tua bondade, perdoa cada transgressão, santifica nossas almas e corpos, e aceita de nossos lábios o hino triplamente santo; pois tu és Santo, ó nosso Deus, e a ti nós rendemos glória, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

C: Amém

C: Santo Deus! Santo Poderoso! Santo Imortal! Tem piedade de nós!(3x)

 

LEITURAS

P: Estejamos atentos! Sabedoria!...(a leitura do Antigo Testamento a ser lida é anunciada)

P: Estejamos atentos!

Leitor: Irmãos!...(a leitura designada é realizada)

P: Estejamos atentos! Sabedoria!(a leitura da Epístola é anunciada)

P: Estejamos atentos!

Leitor: Irmãos!...(a leitura designada é realizada)

P: (dirigindo-se ao leitor): A paz esteja contigo!

Comentários: Na Divina Liturgia Ortodoxa, NÃO HÁ leitura oficial retirada do Antigo Testamento(a não ser nas grandes festas), embora sejam citados vários trechos e versos ao longo da liturgia. Devido ao princípio luterano da Sola Scriptura, esta versão revisada sugere que haja, sim, uma leitura oficial retirada do AT. Em compensação, todo o ritualismo da procissão com o Evangelho, considerado excessivo, foi removido.

 

O SANTO EVANGEHO

C: Aleluia! Aleluia! Aleluia!

P: Sabedoria! Permaneçamos atentos! Ouçamos o Santo Evangelho!...(o Evangelho designado é apontado)

C: Glória a Ti, Senhor, glória a Ti!

P: Estejamos atentos!...(o Evangelho apontado é lido.)

C: Glória a Ti, Senhor, glória a Ti!

 

HINO

SERMÃO

ORAÇÃO E BENÇÃO PASTORAIS

OFERTÓRIO (ACOMPANHADO POR UM HINO)

 

SEGUNDA LITANIA E O HINO DOS QUERUBINS

P: Com todo o nosso coração e a nossa mente, digamos:

C: Senhor, tem piedade.

P: Ó Senhor onipotente, Deus de nossos pais, nós te pedimos, que de acordo com a tua grande bondade, ouças e tenha piedade!

C: Senhor, tem piedade! Senhor, tem piedade! Senhor, tem piedade!

P: Oremos por nossos irmãos; e por misericórdia, vida, paz, sáude, iluminação, visitação divina; e o perdão e a remissão dos nossos pecados.

C: Senhor, tem piedade!  Senhor, tem piedade! Senhor, tem piedade!

(Petições adicionais pelos enfermos, ou pessoas com necessidades especiais, podem ser incluídas)

P: Oremos por todos aqueles que necessitam da regeneração espiritual, para que o Senhor se compadeça deles, lhes ensine a Palavra da verdade, lhes revele o Evangelho da justiça, e os inclua em sua Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica.

C: Senhor, tem piedade! Senhor, tem piedade! Senhor, tem piedade!

P: Com uma só voz, glorifiquemos o todo-honorável e majestoso nome de Deus, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos.

C: Amem.

C: Nós que misticamente representamos os Querubins, e cantamos o hino triplamente santo à Trindade vivificante, deixemos de lado todos os cuidados mundanos, para que possamos receber o Rei de tudo, que vem invisivelmente escoltado pelas hostes angélicas. Aleluia! Aleluia! Aleluia!

 

CREDO

P: Amemo-nos mutuamente, para que com uma só mente possamos confessar:

C: Pai, Filho e Espírito Santo! A Trindade consubstancial e indivisível!

P: Estejamos atentos, e com sabedoria proclamemos a nossa fé.

C:Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis;

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: [Deus de Deus] Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai.Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo,no seio da Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia,conforme as Escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito †Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai [e do Filho]; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele que falou pelos profetas. Creio na Igreja Una , Santa, Católica e Apostólica. Professo um só batismo para remissão dos pecados. Espero a ressurreição dos mortos; E a vida do mundo que há de vir. Amém.

Comentário: Em conformidade com a teologia luterana, o Filioque (“e do Filho”) é aceito, embora apareça entre colchetes, devido ao contexto predominantemente ortodoxo da nação ucraniana.

 

CONSAGRAÇÃO

P: Levantemo-nos com dignidade! Levantemo-nos com temor! Meditemos sobre o grande Mistério do corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo!

C: Que nossa adoração seja repleta de arrependimento, amor e paz.

P: Levantemos os nossos corações.

C: Levantemos ao Senhor.

P: Demos graças ao Senhor.

C: É bom e justo adorar o Pai, e o Filho, e o Espírito Santo: a Trindade consubstancial e indivisível

P: É bom e justo cantar, bendizer, louvar, agradecer e adorar-te em cada lugar de teu domínio, pois tu és o Deus inefável, inconcebível, incompreensível, sempre existente e imutável. Tu és adorado por milhares de arcanjos e hostes de anjos, os Querubins e os Serafins, que cantam o hino triunfante, exultando, proclamando e dizendo:

C: Santo! Santo! Santo! Senhor dos exércitos celestiais! Céus e terra estão cheios da tua glória! Bendito é o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!

P: Juntamente com estas potestades benditas, ó Mestre filantropo, nós também louvamos e dizemos: Tu és verdadeiramente santo; tu és santíssimo, juntamente com teu Filho Unigênito e teu Espírito Santo! Tu és verdadeiramente santo; tu é santíssimo, e tua glória é verdadeiramente magnífica! Tu amaste tanto ao mundo, que enviaste teu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Amém.

P: Quando ele veio e cumpriu toda a dispensação para a nossa salvação, na noite em que foi traído, ele pegou o pão e o abençoou, e o partiu e deu aos seus discípulos dizendo: “Tomai, comei; isto é o meu corpo, que é partido por vós [para a remissão dos pecados]; Fazei isso em memória de mim.”

C:Amém.

P: Da mesma maneira, depois da Ceia, ele tomou o cálice, o santificou, e deu a eles, dizendo: “Bebei dele, vós todos; este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados. Fazei isso todas as vezes que beberem em memória de mim.”

C: Amém

P: Relembrando este salutar testamento, e todas as coisas que foram feitas por nós – o sacrifício na cruz, a tumba, a ressurreição e ascensão – nós te pedimos, Senhor, orando e suplicando: Envia o teu Santo Espírito sobre todos os que partilham dos teus dons, para o fortalecimento da fé em tua verdade. Senhor, que enviaste teu Santíssimo Espírito sobre os teus apóstolos, não o retires de nós, ó Bondoso, mas pelo teu Espírito renovai, a nós que rogamos, e concede que, com à uma só voz e um só coração louvemos e glorifiquemos em cânticos o teu santíssimo e majestoso nome, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos.

C: Amém.

Comentário: No texto original, esta parte da liturgia é denominada “Anáfora” (Oblação de Sacrifício). O caráter da Missa como sacrifício, comum às tradições Romana, Bizantina e Oriental, é rejeitado pela fé evangélica(luterana), por violar os princípios da Sola Scriptura e da Sola Fide;  A ênfase desta versão da Epiclese (invocação do Espírito Santo) é a comunidade, e não o pão e o vinho eucarísticos (como é na teologia ortodoxa); Nas tradições ocidentais que conservam a crença na Presença Real (Romana, Luterana e Anglo-Católica), o ápice da liturgia eucarística é o pronunciamento do próprio Cristo: “Isto é o meu corpo”, enquanto para os orientais, o ponto principal é a invocação do Espírito Santo para que transmute os elementos eucarísticos. Trata-se da diferença de ênfases que os dois lados possuem a respeito da Queda e do Plano de Redenção da humanidade. O Ocidente enfatiza a culpa, o pecado original, os aspectos forenses e a expiação pelo sangue. O Oriente, por sua vez, enfatiza a luta entre a mortalidade e a vida, a recapitulação, a encarnação e a união mistica (theosis);

 

TERCEIRA LITANIA E A ORAÇÃO DO SENHOR

P: Novamente, em paz oremos ao Senhor.

C: Senhor, tem piedade.

P: Para que todo o nosso dia seja perfeito, pacífico, e impecável, roguemos ao Senhor.

C: Concedei-nos, Senhor.

P: A remissão dos nossos pecados, e todos as coisas úteis para nossas almas, roguemos ao Senhor.

C: Concedei-nos, Senhor.

(Petições adicionais por necessidades espirituais importantes podem ser incluídas)

P: Para que passemos o resto de nossas vidas em arrependimento, por uma morte pacífica e sem dores, roguemos ao Senhor.

C: Concedei-nos, Senhor.

P: Na unidade da fé e na comunhão do Espírito Santo, encomendemo-nos a nós mesmos, e uns aos outros, e toda a nossa vida, a Cristo nosso Deus.

C: A Ti, Senhor.

P: Dignifica-nos, Mestre, para que com coragem ousemos clamar a ti, ó Deus Celestial, como Pai, dizendo:

C: Pai nosso, que estais nos Céus, santificado seja o teu nome, venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra, como no Céu .O pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal

P: Pois teu é o reino e o poder e a glória para sempre e sempre.

C: Amém.

 

O GESTO DA PAZ E A ORAÇÃO DA COMUNHÃO

P: Que a paz esteja convosco!

C: E com o teu espírito.

P: Curvemos as nossas cabeças diante do Senhor.

C: A ti, Senhor!

P: Nós te damos graças, Rei invisível, que em tua imensurável misericórdia preservai todas as coisas no mundo.. Olhai desde o céu, ó Mestre, para os que curvam a cabeça diante de Ti. Não curvamos as cabeças diante de ninguém entre os homens, mas diante de ti, nosso Deus. Ó Mestre, igualmente distribua a nós esses dons para o nosso benefício, de acordo com a necessidade individual de cada um; pela graça, compaixão e amor de teu Filho Unigênito para com a humanidade, o qual contigo é bendito, juntamente com teu Santíssimo, bom, e vivificante Espírito, agora e sempre pelos séculos dos séculos.

C: Amém.

 

CONVITE

P: Estejamos atentos! O que é santo, para os santos!

C: Um só é Santo. Um é o Senhor Jesus Cristo, para a glória de Deus Pai. Amém.

P: No temor de Deus, e com fé e amor, aproximai-vos!

C: Bendito é o que vem em nome do Senhor! Deus é o Senhor, e revelou-se a nós!

Todos: Eu creio, Senhor e confesso, que em verdade Tu És o Cristo, Filho do Deus vivo e que vieste ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro. Também creio que o pão e o vinho abençoados e distribuídos  em tua Santa Ceia verdadeiramente são teu puro corpo e o teu precioso sangue. De tua Ceia Mística, aceita-me hoje como participante, ó Filho de Deus; pois não revelarei o Teu Mistério aos Teus inimigos, nem Te darei o beijo como Judas, mas como o ladrão me confesso: lembra-Te de mim, Senhor, no Teu Reino, Que não seja para meu juízo ou condenação, a recepção de Teus Santos Mistérios, Senhor, mas para a cura da alma e do corpo. Amém!

 

 

DISTRIBUIÇÃO, ACOMPANHADA PELO HINO DA COMUNHÃO

P: (aos comungantes): Tomai e comei; isto é o corpo de nosso Senhor Jesus Cristo, partido por vós para a remissão dos pecados.

P: (aos comungantes): Bebei dele, todos vós; isto é o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, derramado por vós para a remissão dos pecados.

 

ORAÇÃO APÓS A DISTRIBUIÇÃO

 

VERSÍCULOS E RESPONSOS APÓS A DISTRIBUIÇÃO

P: Ó Deus, salva o teu povo e abençoa-o!

C: Nós vimos a verdadeira Luz! Nós recebemos o Espírito Celeste! Nós encontramos a verdadeira fé! Nós adoramos a Trindade indivisível, pois Ela nos salvou.

P: Bendito seja o nosso Deus, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos.

C: Amém.

 

ORAÇÃO DE CONCLUSÃO E BENÇÃO

P: Oremos ao Senhor.

C: Senhor, tem piedade.

P: Ó Senhor, que bendizes todos aqueles que te bendizem, e santificas todos aqueles que confiam em ti: Salva teu povo, e abençoa-o. Santifica todos aqueles que amam a majestade da tua casa; glorificando-os pelo teu divino poder, e não te esqueças de nós, que colocamos a confiança em ti. Concede paz ao mundo, a tua Igreja, à toda a nação ucraniana, e a todo o povo. Pois todo dom do alto vem de Ti, Pai das Luzes, e a Ti atribuímos glória, ação de graças e adoração, juntamente com teu Filho unigênito e o Espírito Santo, agora e sempre, e pelos séculos dos séculos.

C: Amém. Bendito seja o nome do Senhor, desde agora e para sempre.

P: Que a benção do Senhor esteja sobre vós, pela sua graça e amor à humanidade, agora e sempre e pelos séculos dos séculos.

C:Amém.

Comentários: Na versão original, vários santos são invocados como intercessores na benção final: a Mãe de Deus, João Batista, os “santos e justos avós do Senhor, Joaquim e Ana”, o santo padroeiro da Igreja, o santo do dia, os santos anjos, os apóstolos e João Crisóstomo, que dá nome a liturgia. O poder da Cruz também é citado.

 

HINO DE CONCLUSÃO

 

 

Um comentário:

  1. 1º «Comentários: Na versão original, vários santos são invocados como intercessores na benção final: a Mãe de Deus, João Batista, os “santos e justos avós do Senhor, Joaquim e Ana”, o santo padroeiro da Igreja, o santo do dia, os santos anjos, os apóstolos e João Crisóstomo, que dá nome a liturgia. O poder da Cruz também é citado.»
    Equívoco: Na versão original,esta bênção é exactamente igual. A diferença é que se lhe seguem, aqui completamente omitidas, uma doxologia pelo Celebrante («Glória a Ti, ó Cristo, nosso Deus e nossa esperança, glólria a Ti!»), a que se segue, por fim essa outra bênção: V: «Que Cristo, nosso verdadeiro Deus ressuscitado se entre os mortos, pelas orações da Bem-Aventurada Mão de Deus e sempre Virgem Maria, pelo poder da Santa Cruz vivificante, pelas orações dos seres celestes imateriais, dos santos familiares de Cristo Joaquim e Ana, do nosso pai entre os santos, João Crisóstomo, Arcebispo de Constantinopla, e de todos os santos, tenha piedade de vós e vos conceda a vida eterna!»; R: «Amen,»

    2º Comentários: «A ênfase desta versão da Epiclese (invocação do Espírito Santo) é a comunidade, e não o pão e o vinho eucarísticos (como é na teologia ortodoxa»:
    Na "Apologia da Confissão de Augsburgo", um dos documentos confessionais luteranos, é expressamente afirmado que o "cânone grego" da Missa é inteiramente correcto; ora, no dito cânone, no caso o de São Basílio, a epliclese distribui "democraticamente" a invocação do Espírito Santo: «Envia, Senhor, o Teu Espírito Santo sobre nós e sobre os dons aqui presentes, para a vigilância das almas, o perdão dos pecados e a vida eterna. E faz deste pão o corpo precioso do Teu Cristo (R: Ámen.)); e do que contém este cálice o sangue precioso do Teu Cristo (R: Ámen.). Dado e derramado pela vida do Mundo! (R: Ámen! Ámen! Ámen!)

    4º Nas liturgias ortodoxas e luteranas, sejam de rito latino ou bizantino, Deus é tratado por "TU", na segunda pessoa do singular, e não por "VÓS" segunda pessoa do plural, tal como, aliás, no texto oficial latino da Missa católica, e nas traduções correctas - em Italiano, Alemão, Castelhano ("Espanhol")...

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