Meus irmãos,será que o
Espírito Santo se manifesta assim? Ora,Deus não é Deus de confusão(I Co
14.33).Será que o doce Consolador,que recebemos no momento de nossa
conversão,agiria de forma tão estranha,que não produz edificação (I Co
14.26),mas se trata de um mover quase sempre visto como um fim em si mesmo, sem
ser acomapanhado de mudança de vida ou outros sinais que acompanham a pregação
do verdadeiro Evangelho, além de causar escândalo(ai daquele por quem vier o
escândalo! - Mt 18.7)entre crentes e ímpios? Será que o apóstolo Paulo
aprovaria esses estranhos moveres? Claro que não,pois essas manifestações
violam claramente o princípio de decência e ordem (I Co 14.40)! Tais moveres
não tem base na Bíblia (nenhum apóstolo entrou no reteté, nem registrou em seus
escritos a existência de tal prática),nem na história da Igreja.São movimentos
de origem humana,surgidos apenas nos últimos séculos.São moveres da emoção.
Emoção? Exatamente.Graças
a ela, essas manifestações são comuns nas igrejas evangélicas atuais.Não é
preciso ser nenhum psicólogo para chegar á conclusão de que os cultos de hoje
favorecem o emocionalismo e o êxtase psíquico.Músicas melosas,letras
repetitivas,pregações de auto-ajuda,frases de efeito, orações baseadas apenas
no barulho,pregadores praticamente obrigando o povo a "glorificar a Deus
em voz alta"(mesmo que a pessoa não esteja disposta a tal ou sentindo de
fazê-lo).Todo ambiente é preparado (nem sempre de forma proposital)para dar
origem a movimentos emocionais.Vemos isso acontecer também nas várias religiões
pagãs, de diversas procedências, como entre os indígenas da América, os povos
autóctones da África, os siberianos,etc. Embora, entre esses povos, estranhas
manifestações possam ter origem demoníaca, creio que, na esmagadora maioria dos
casos, a psicologia e a psiquiatria podem perfeitamente explicar tais moveres.
Antes que venham me chamar de incrédulo, creio plenamente no agir do Espírito
Santo em nossos dias, mas quase tudo o que vemos pode ser perfeitamente
explicado dentro de padrões humanos e explicações racionais. Algumas coisas,
como certos tipos de curas de enfermidades, não podem ser explicadas
cientificamente, pertencendo ao âmbito do sobrenatural. Mas quase tudo que
vemos por aí poderia ser explicado, como eu já registrei, pela psicologia,
psiquiatria e neurologia.

1. A Bíblia registra que
Davi dançou quando a Arca da Aliança era levada para Jerusalém (II Sm 6.14).
R-Tal texto se encontra
no Antigo Testamento, no qual as coisas eram muito diferentes. Naquela época, a
Arca era o símbolo máximo visível da presença de Deus na terra. Sobre a sua
tampa(chamada de propiciatório) era derramado o sangue do supremo sacrifício,
uma vez ao ano, que expiava os pecados de Israel, o povo que servia de
sacerdote cósmico da raça humana. Mas quando Cristo morreu, o véu do templo foi
rasgado, e aquela glória, outrora confinada a santuários terrenos e objetos
litúrgicos, tornou-se disponível a todos os fiéis em todas as horas. Ou seja,
caso quisermos levar o significado da dança de Davi ao pé da letra, deveríamos
dançar todas as vezes que fossemos orar, louvar a Deus, etc. No Novo
Testamento, o escritor sagrado dizem que devemos "orar sem cessar" (I
Ts 5.17), e "oferecer-nos como sacrifícios vivos"(Rm 12.1)
continuamente, mas não nos manda pular, rodopiar ou outras coisas do tipo.
2. A Bíblia relata que,
em Pentecostes, os discípulos foram tidos como bêbados (At 2.13). Isso não
indica que eles estavam agindo de modo que parecia estranho aos homens(assim
como o reteté)?
R-Ao analisarmos toda a
passagem, vemos que o que soava estranho para muita gente, era aquela multidão
de fiéis falando, ao mesmo tempo, palavras que soavam ininteligíveis aos
ouvidos comuns. Eles falaram em várias línguas, de vários povos da terra, cujos
falantes estavam presentes nas ruas de Jerusalém naquela ocasião. Assim sendo,
o árabe ouvia as grandezas de Deus em árabe, o cretense ouvia as grandezas de
Deus em sua língua. Mas para o populacho comum de Jerusalém, as palavras não
queriam dizer nada. E o fato de todos falarem ao mesmo tempo, lhes pareceu algo
no mínimo curioso. Não temos nenhum registro de pessoas pulando, rodopiando,
caindo ou gargalhando. Mesmo que tais coisas tivessem ocorrido na ocasião, nem
tudo que ocorreu em Pentecostes foi estabelecido como norma para as demais
ocasiões. As línguas de fogo sobre as cabeças dos fiéis não se repetiram, nem
em Atos, nem na história do Cristianismo.
3. A Bíblia diz que o
homem carnal não compreende as coisas do Espírito (I Co 2.14). Ou seja, as
coisas do Espírito são estranhas mesmo, e a zombaria dos ímpios diante do
reteté são apenas a prova de que eles não possuem o Espírito.
R-Outro exemplo de texto
fora do contexto! Se analisarmos os treze versículos anteriores, vemos que
Paulo, ao dizer que o homem carnal não compreende as coisas do Espírito, não
estava falando de supostas manifestações de alegria ou de dons espirituais no
culto (coisa que ele vai fazer apenas a partir do capítulo 12), mas de toda a
grandeza do amor ( que nos é inexplicável) e do propósito eterno de Deus (de
salvar seu povo de maneira nunca vista), da salvação vinda cruz (de fato, não
nos parece estranho que o onipotente Filho de Deus salve os homens se
humilhando e sofrendo vergonhosamente e dolorosamente?).
4. A Bíblia nos diz que
devemos nos embriagar do Espírito. E quem está embriagado, age de modo
humanamente estranho.
R- Leia corretamente o
versículo. Ele nos diz para não nos embriagar-nos com vinho, mas para sermos
CHEIOS (e não embriagados) do Espírito (Ef 5.18).
Outros ainda poderiam
dizer: "ah, mas é tão gostoso rodopiar, pular, cair no Espírito. Faz a
gente se sentir bem. Se fazemos para Deus, e nos sentimos bem, então é
válido".
Nesse caso, a pessoa está
simplesmente tentando validar algo que não está na Bíblia a partir de sua
própria experiência subjetiva. É a velha lógica do " em busca do que
funciona" Mas as Escrituras nos autorizam a fazer isso? De modo algum! O
coração do homem é enganoso (Jr 17.9), por isso jamais devemos considerar algo
válido apenas porque nos parece bom. Corremos risco de cair no mesmo erro do
povo de Israel na época dos juízes, em que cada uma "fazia o que era reto
a seus próprios olhos" (Jz 21.25). E esses moveres que acontecem por aí
podem até parecer bons para aqueles que estão envolvidos, mas causam um
escândalo (novamente digo: justificado) diante dos ímpios e entre os próprios
cristãos. Também devemos levar em conta que atribuir ao Espírito Santo algo que
é meramente humano e emocional, é , de certo modo, ofender o Espírito Santo e
tomar o santo nome de Deus em vão.
Alguns ainda levantarão a
seguinte objeção: "ah, você fala assim porque nunca teve essa
experiência". Mas eu tive! Isso mesmo! Eu mesmo já entrei no reteté! Pulei
descontroladamente, "dancei" com um irmão, gritei. Hoje percebo, a
luz dos argumentos bíblicos apresentados neste texto, que foi apenas
emocionalismo. Hoje sei que aquilo não era a manifestação do Espírito de Deus.
Eu estava alegre com Deus (e não há nada de errado nisto!), mas devido ao
ambiente altamente emocionalista no qual eu estava, e aceitando o
sugestionamento, agí daquela maneira.
Alguém que conhece
História da Igreja pode argumentar: Mas em certos avivamentos,nos séculos XVIII
e XIX (no seio de igrejas fiéis à ortodoxia bíblica), como durante as pregações
de Wesley, Whitefield e Edwards,ocorriam essas manifestações.Então,elas tem
base na história da Igreja,certo? Errado.Algumas dessas manifestações ocorreram
de fato nesses avivamentos.Mas tinham um sentido completamente diferente das
atuais.Pessoas caiam e choravam,mas não como um suposto resultado de
"experiência do crente com Deus".Essas pessoas eram ímpias,que ao
ouvirem a mensagem pregada com poder,de tanto que sentiam a convicção de que eram
pecadoras más e miseráveis diante de um Deus santo e justo,tinham como primeira
reação o desespero.Por isso caiam no chão e choravam.Bons tempos aqueles,nos
quais a santidade de Deus era pregada! Geralmente,essas pessoas acabavam se
convertendo.Vendo que eram miseráveis pecadoras,humilhavam-se diante do
Santíssimo Deus,reconhecendo o quanto eram indignas,e, se tornavam dispostas a
viver uma nova vida com Cristo.Muitas almas foram salvas assim.
Mas, e os quakers e os
shakers, ele também agiam de forma aparentemente irracional, e isso enquanto
adoravam a Deus, e não apenas nos sermões evangelísticos! De fato, isso
ocorria. A própria origem dos dois apelidos dados a esses grupos nos indicam
isso. Mas, por mais que eles tenham contribuído com a fé e a moral cristã em
diversos aspectos (George Fox, fundador dos quakers, levou muita gente a buscar
uma comunhão pessoal com Deus, e seus filhos espirituais, como John Whoolman,
lutaram, por exemplo, pela abolição da escravidão nos EUA), esses grupos
cometeram sérios ataques contra a ortodoxia bíblica. Os quakers (cujo nome
oficial era "Sociedade dos Amigos"), por exemplo, negaram os dois
sacramentos da Igreja protestante (batismo e eucaristia) e deixaram de
praticá-los. Além disso, em suas primeiras declarações de fé (justamente do
período no qual eles mais costumavam a praticar estranhas manifestações nos
cultos), praticamente afirmavam que aquilo que o Espírito lhes revelava nos
cultos estava quase que em pé de igualdade com a Bíblia! Sem falar que
desprezavam a ordem no culto, ao dizer que não deveria haver o mínimo resquício
de liturgia. Sem querer julgar esses irmãos em Cristo, apenas mostro o quanto
eles também eram falhos. E por mais que esses grupos tenham praticado tais
supostos moveres do Espírito, eles só surgiram no século XVII. E quatrocentos
anos são muito pouco perto da história bimilenar do Cristianismo. Por fim,
mesmo que tais práticas fossem vistas mais frequentemente na História da
Igreja, em última análise, a Bíblia é nossa única regra de fé e prática, e como
já foi amplamente demonstrado nesse artigo, as Escrituras não dão base a elas.
Ainda falando de História da Igreja, o próprio missionário Gunnar Vingren, co-fundador das Assembleias de Deus no Brasil, classificou como "baixo espiritismo" algumas manifestações que presenciou em igrejas evangélicas e que muito se assemelham com o "reteté" tão comum em nossos dias. Lewi Pethrus, líder pentecostal na Suécia, e amigo do missionário Daniel Berg (o outro co-fundador das ADs) registra no livro "O Espírito sopra onde quer", o seu ceticismo em relação ao "cair no Espírito" e outras práticas semelhantes. Até mesmo os pioneiros do Pentecostalismo se opunham à essas práticas!
Portanto, busquemos a
legítima manifestação dos dons espirituais sancionados pela Bíblia, um culto
sublime, belo e reverente, a edificação do povo de Deus e a salvação das almas.
A glória de Deus, o bem de Sua Igreja e a salvação dos pobres pecadores devem ser
nossos objetivos, e não o mero emocionalismo e diversão gospel.
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