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quinta-feira, 9 de julho de 2020

O PODER INFINITO DO CRISTO CRUCIFICADO


            Hoje, passei por um momento muito difícil. Mas não quero falar sobre meus sofrimentos. "Bom é para o homem aguardar em silêncio a salvação do Senhor". É certo que o sofrimento, a dor e o mal existem nesse mundo amaldiçoado pelo pecado. Muitos culpam a Deus por isso. De fato, o "deus" que muitos apregoam por aí é bem culpado. Um deus confortável em seu trono de glória, cercado por exércitos de anjos, que se compraz em derrubar aviões para punir cantores, fazer com que transexuais sejam esfaqueados na rua por "zombar" dele, que ignora 60 mil mortes para velar exclusivamente por meia dúzia de políticos e pastores corruptos (além de lhes servir como cão de caça), um deus que sente prazer mórbido em torturar pessoas por alguns pecados, mas é complacente, conivente e faz vista grossa em relação a outros, um deus que te abençoa em troca de dinheiro, esse deus é culpado por todos os males. Um deus promotor da injustiça, da duplicidade, do triunfalismo, da egolatria. Um deus que não possui vontade ou caráter, sendo uma mera projeção dos sentimentos de homens ímpios.

            Várias vezes fui criticado por alguns irmãos por causa da imagem na foto. "O teu Deus é um derrotado"-muitos dizem. Pelo contrário, O "deus" derrotado é o deus de muitos religiosos por aí. Um deus que sofre com autoestima próxima a zero, necessitando de bajulação dos mortais, um deus que é iludido por humanos ignorantes, um deus que precisa ser protegido por políticas estatais, por espadas de aço e por armas terrenas, um deus mimado e rabugento, é um deus fraco e derrotado. O meu Deus é um Deus tão poderoso, que cruzou o abismo de sua eterna vida na Trindade para o pó da terra de onde criou o homem. Que não se escusou a se unir com os sofredores, com os miseráveis, com a mortalidade e com a dor.

           O Cristo da cruz é um exemplo de força, coragem e brio. Ele tem dó dos fracotes que lhe açoitam, pedindo que o Pai perdoe esses pobres tolos. Ele não retribui as bofetadas contra sí, mas cobre com suas asas os 11 amigos que o acompanhavam, exigindo dos guardas que deixassem-lhos fugir, e prendessem apenas a ele próprio. Jesus age como um "homem valoroso", pois enquanto agoniza, lembra-se de sua mãe, provendo um cuidador. Na cruz, o meu Deus, que é eterno, atemporal, onipotente, onipresente e onisciente, enfrenta a única coisa que lhe seria custosa: o autoesvaziamento, a admirável permuta entre sua justiça e o nosso pecado.

           Por isso, é a lembrança do carpinteiro destroçado na cruz, coberto de sangue, arfando em angústia, a única força da minha vida, a única esperança desse mundo, o único remédio contra o desespero, a única fonte de perdão. Ao ser tentado a desejar a morte ou o castigo de pessoas cruéis, humilhar falsos irmãos ou coisas semelhantes, eu me lembro do Deus que se fez homem por mim, e esses sentimentos vão sendo expulsos de meu coração. Se eu conhecesse apenas o "olho por olho", ah.....

            Sinto indignação e "ira santa", mas também sinto pena dessas pessoas que, diante da atual situação, não postam uma mensagem de fé, de paz, de intercessão pelos sofredores, em suas redes sociais, mas apenas promovem o ódio, a mentira, e a defesa com unhas e dentes de seu ídolo político e sua meia dúzia de acessores. Como pode habitar tanta maldade num coração humano, tanta idolatria? Eu não me acho melhor do que eles. Do fundo do meu coração. Mas eu não vivo mais. Cristo vive em mim. Cristo me ensinou a perdoar e amar. Cristo me ensinou a denunciar o erro, sem medo de perder amigos e "irmãos hipócritas". Cristo me ensinou a conciliar a misericórdia com a justiça. A compaixão com o juízo. Ele me chamou para edificar, mas também para destruir. Estou satisfeito com esse Cristo. Ele me enche de paz, alegria e esperança

"Quanto a mim, no entanto, que eu jamais venha a me orgulhar, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio da qual o mundo já foi crucificado para mim, e eu para o mundo. (Gl 6.14)"

PS: Não uso o crucifixo como ídolo ou amuleto, mas como uma lembrança para meditação. Do mesmo modo que alguém revê um álbum de fotos, uma medalha ou um troféu. Essa é a lembrança mais digna e preciosa que um ser humano pode contemplar.

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