Alguns, mesmo
cristãos ortodoxos, se opõe a comemoração do Natal. Segundo eles alegam, não
sabemos o dia certo em que Cristo nasceu. Além disso, a data 25 de dezembro era
um feriado pagão. Certa seita, que usa esse argumento, não proíbe, no entanto, outros
hábitos vindos dos pagãos, como o uso de alianças de casamento.
Segundo os
estudiosos bíblicos,o próprio Deus se apropriou de festas pagãs, e reformou-as
do modo que pudessem ser comemoradas pelo seu povo Israel. Os pagãos
comemoravam com ídolos e depravação. Já os israelitas faziam para a glória do
Deus verdadeiro. Os pagãos consultavam os seus deuses debaixo de árvores. E
Deus assim falava com Abraão (que vivia entre pagãos – Gn 13.18). Os moldes
arquitetônicos do Tabernáculo e do Templo, apesar de estabelecidos por Deus, refletiam tendências dos povos vizinhos
da época. Vale lembrar também que o apóstolo Paulo se apropriou do "deus
desconhecido" dos ímpios para pregar-lhes (At 17.22-23).
Os cristãos
viam que no dia 25 os pagãos comemoravam o seu deus,o sol.Decidiram então que
era uma boa oportunidade de comemorar a encarnação do sol da justiça,
profetizado por Malaquias (Ml 4.2) .Assim, enquanto os pagãos festejavam as
suas vaidades, os cristãos se regozijavam na encarnação do filho de Deus para a
salvação dos homens.Com o tempo, a data 25 de dezembro passou a ser lembrada no
Ocidente como comemoração do nascimento de Cristo. Os deuses dos romanos
viraram peças de museu. Mas o cristianismo triunfou. E assim, comemorando nessa
data o nascimento de Cristo, zombamos dos deuses falsos. Eles pereceram (aliás, suas lendas, pois eles nunca
existiram).Mas Cristo permanece. O seu reino é perpétuo (profecia do Salmo
45.6).Proclamamos que o paganismo é vaidade, que os falsos deuses passam, mas a
Rocha Eterna permanece. Lembramos que os inimigos de Cristo servirão como
escabelo de seus pés(Sl 110).Glória a Deus, que em vez de comemorarmos falsos
deuses, comemoramos a encarnação de seu Filho. Glória a Deus, que nos libertou
da cegueira e dos ídolos mudos.
Outros apontam
que é errado comemorar o nascimento de alguém, já que Herodes e Faraó mataram
pessoas no dia de seus nascimentos (aniversário).Ora ,que explicação mais
vazia! Herodes e Faraó eram pessoas más, e não matavam somente no dia de seus
aniversários. Também devemos lembrar que Faraó não só matou um homem, mas
absolveu o outro. Ou seja, nem só coisas más foram feitas. Se os próprios anjos
se regozijaram no nascimento de Cristo (Lc 2.14), como pode um cristão não se
alegrar da encarnação de Nosso Senhor!?.Aquele dia foi dia de novas de alegria (Lc
2.10).
Mas porque, então,
Deus não ordenou que fosse comemorado o nascimento de seu Filho? Ora, no Novo
Testamento, os costumes a respeito de festas e liturgias não são citados. Deus deixou-nos
a escolha de comemorar ou não. Aquele que faz diferença entre um dia e outro, ara
o Senhor o faz. Já o outro, considera todos os dias iguais, e para o Senhor o
faz (Rm 4.6). Mas é mais sábio se basear no costume e tradição da Igreja,
construídos por santos homens ao longo dos séculos, e apoiados pela prática do
povo de Deus, que tantos benefícios concede, que promove o louvor a Deus e a
conversão dos homens, do que em nossas visões ignorantes e distorcidas das
Escrituras (que são, sim, nossa única regra de fé).
O Advento
A partir do
século IV, os cristãos desenvolveram um período de preparação para o Natal
chamado de Advento, que em latim significa “vinda”. Além desse significado
histórico, de acompanhar a esperança dos patriarcas de Israel pelo Messias prometido
e sua encarnação, o período do Advento também é marcado por uma maior
concentração na promessa da Segunda Vinda de nosso Senhor. Já no século VI
possuímos registros de orações e textos litúrgicos específicos para a
celebração dos quatro domingos anteriores ao Natal, chamados de Domingos do
Advento. Alguns hinos milenares, como o “Ó Vem Emanuel” e as “Antífonas do Ó”
tradicionalmente são cantados no período. Mas, como já foi dito que o Advento
também mira a segunda vinda de Jesus, hinos mais populares, que constam nos
hinários de igrejas evangélicas, como “Vem outra vez nosso Salvador” e
“Vencendo vem Jesus”, também são muito
benvindos nesse período.
“Ó vem, ó vem,
Emanuel,
Remir teu povo de
Israel,
Que chora em triste
exílio aqui,
Clamando súplice por
ti.
Exulta! Exulta!
Emanuel
Será bem-vindo, ó
Israel!”
Sobre a árvore de Natal
Alguns apontam
que os cristãos não podem usar árvores de natal, porque essas tem origem pagã. Alguns
chegam até mesmo, usando uma interpretação errônea do texto, a dizer que
Jeremias 10.3 proíbe-as. No entanto, se analisarmos o contexto, vemos que a
passagem se refere a ídolos. E até onde eu saiba, ninguém adora árvores de
natal!
A meu ver, é
muito confusa a história das árvores de natal. Uns apontam que ela surgiu entre
os cristãos da Alemanha na Idade Média. Outros dizem que ela veio do paganismo
(mas devemos lembrar, como já foi dito, que o próprio Deus se utilizou de
hábitos pagãos). Há até mesmo quem atribua a invenção ao reformador Martinho
Lutero.
Podemos
atribuir um significado bíblico, teológico e espiritual a árvore de natal. Por
ser uma árvore, remete a dois significados principais: as próprias árvores
daquela bela noite em Belém, lembrando-nos da cena presenciada pelos pastores;
e um significado mais profundo, a criação que cresce e vive sob a misericórdia
de Deus, recebendo então os adornos de sua graça (representados pelas bolas,
que também podem representar os astros no céu naquela linda noite). A estrela
faz referência a profecia do Antigo Testamento de que "uma estrela
procederia de Jacó" (Nm 24.17), e também nos lembra o relato do Novo
Testamento, da estrela benfazeja que conduziu os magos, pagãos e gentios, ao
Salvador prometido, que salvaria do pecado homens de todas as tribos, povos e
nações.
“Pinheiro
lindo, dás lições
De
amor e de constância:
Teus
verdes ramos, tua luz,
Nos
lembram hoje o bom Jesus
E
inspiram sempre o coração
Já
desde a tenra infância”
Sobre outros símbolos natalinos
Existem outros
símbolos natalinos, dos quais os principais são a coroa do Advento e o
presépio. A coroa do Advento nasceu entre os protestantes europeus do século
XIX. A guirlanda (coroa de folhas) representa, pelo seu formato, a eternidade.
As velas, acesas em cada um dos domingos do Advento, tem cada uma o seu
significado. Em um triste episódio protagonizado na Internet, alguns
protestantes fanáticos dirigiram os mais severos impropérios contra os
responsáveis por uma congregação, ligada a uma respeitada denominação
tradicional, por utilizar a coroa em sua liturgia. Entre as acusações feitas,
estava a de "idolatria" e "coisa de católico". Ora, aqui eu
poderia sobejamente refutá-los, explicando o que vem a ser idolatria, e o que
vem a ser o termo "católico" (e como ele pode ser aplicado também aos
verdadeiros protestantes), mas não é essa a intenção do artigo. Mal sabem eles
que a coroa do advento é uma criação protestante...
O presépio foi
inventado por Francisco de Assis, na Itália, no século XIII. Por se tratar de
uma representação pictórica, normalmente composta de pequenas estátuas, é
concebido como errôneo por algumas igrejas que levam mais ao pé da letra alguns
pontos de documentos como o Catecismo de Heildelberg ou os Símbolos de
Westminster. Quem lê meus artigos, sabe muito bem o que penso a respeito de
imagens sacras e idolatria. Posso resumir: imagens, quando possuem função
didática, memorial e artística, podem ser bem usadas para a glória de Deus. O
que não devemos fazer é prestar culto a elas. Em outros países, é costume até
mesmo dos pentecostais montar presépios!
Várias ou
tradições natalinas, como os cânticos, cantatas sacras e representações também
contribuem para comemorarmos a data de maneira cristocêntrica.
“Noite
de paz, noite de amor;
Tudo
dorme, em derredor!
Entre
os astros que espargem a luz
Bela,
indicando o menino Jesus,
Brilha
a estrela da paz,
Brilha
a estrela da paz.
Noite
de paz, noite de amor;
Ouve
o fiel pastor
Coros
celestes que cantam a paz,
Que
nesta noite sublime nos traz,
O
nosso bom Redentor,
O
nosso bom Redentor
Noite
de paz, noite de amor;
Oh!
Que belo resplendor
Paira
no rosto do meigo Jesus!
E
no presépio do mundo, a luz!
Astro
de eterno fulgor,
Astro
de eterno fulgor.”
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